A internet possibilitou a democratização da informação e do conteúdo mundo afora. No início, nasceram os Youtubers (influenciadores audiovisuais) que contabilizaram milhões de visualizações e inúmeros seguidores, termos como “likes” e “Views” foram se popularizando. Mas a web não para, e na vida tudo é cíclico, e outras redes sociais foram sendo criadas. Orkut, Facebook, MySpace, e, finalmente, Instagram.
E como a leitura, em um país que não a incentiva, ganhou espaço nas redes sociais, em especial no Instagram? Através de resenhas e conversas sobre livros lidos, assim como indicações, diversos Instagramers habituados com o ato da leitura foram ganhando espaços, e mostrando o quão legal é ter uma página voltada inteiramente para quem gosta de ler. O esterótipo criado da valorização somente do corpo como forma de sucesso, foi superado, e a inteligência também ganhou seu espaço.
Nisso conhecemos o trabalho da jovem mineira, radicada no Rio de Janeiro, Júlia de Aquino, que desde 2019 vem, num espaço próprio, incentivando à leitura a todos que a seguem. Então, convidamos você, leitor, a conhecer o trabalho da influenciadora literária carioca, e com você Júlia de Aquino.
1. Apresente-se.
Gostaria de agradecer muito o convite da Entre Poetas e Poesias! Sou Júlia de Aquino e tenho 25 anos. Ano passado me formei em Relações Públicas pela UERJ e atualmente estou me especializando em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM-Rio. Desde dezembro de 2019 crio conteúdo literário no Instagram @juentreestantes
2. Quando se descobriu leitora? Quem foi sua maior referência?
Acho que desde que nasci sou uma leitora, pois sempre fui muito influenciada pela minha família a ler, principalmente pela minha mãe e minha avó. Desde pequena frequentava a Biblioteca Municipal de Belo Horizonte, onde nasci, e acho que foi um ambiente que me incentivou e me marcou muito!
3. Dentre tantos livros que já deve ter lido ao longo do tempo, qual mais te marcou? Por quê?
Desde que eu me lembro como leitora e comecei a “registrar” minhas leituras, devo ter lido uns 250 livros, então é muito difícil escolher só um, porque vários me marcaram em diferentes momentos da vida. Quando era adolescente, devorei as obras Meg Cabot e Thalita Rebouças. Depois vieram autores como Sidney Sheldon, Arthur Conan Doyle e Agatha Christie. 2019 foi um ano intenso para mim, e posso dizer que dois livros me marcaram muito, pois, juntos, me introduziram no tema da Meditação, que foi muito importante para mim: Aprendizados (da Gisele Bundchen) e O poder do agora (Eckhart Tolle). Nesse ano posso dizer que o livro A saideira, da Barbara Gancia, me marcou bastante, pois ela conta sua luta contra o alcoolismo e narra várias situações quase inacreditáveis que viveu por causa da bebida.
4. Quando decidiu unir a paixão pela escrita com o trabalho de influenciadora digital no Instagram?
Em 2018 e 2019 eu já tinha alguns clientes, para os quais criava conteúdo no Instagram especificamente. Então, no final do ano, decidi criar conteúdo “para mim mesma”, e muitos amigos já comentavam que seria legal eu falar sobre livros porque sempre li muito. Foi aí que nasceu o Ju Entre Estantes.
5. Como você vê o incentivo à leitura no Brasil e especialmente no Rio de Janeiro?
Acredito que existam muitas iniciativas bacanas, mas que muitas vezes não são amplamente divulgadas. Acho que de uns tempos pra cá isso vem melhorando, com artistas falando mais sobre leitura em suas redes e as próprias redes sociais têm sido uma plataforma importantíssima. No Rio, existem muitos projetos literários, bibliotecas e iniciativas, mas, novamente, não são tão divulgadas. No meu Instagram, procuro sempre falar de projetos ou locais públicos pela cidade, pois muitas vezes os próprios moradores não conhecem. Também há muitas pessoas engajadas na “causa literária”, como é o exemplo do Pedro do Livro, da Secretaria de Cultura do Estado, que está sempre envolvido com projetos de incentivo à leitura. No entanto, sabemos que muitos não têm acesso a livros em nossa sociedade, e isso também enfraquece o movimento a favor da leitura, pois o livro físico é algo caro para famílias que sobrevivem com um salário mínimo por mês. Mas pouco a pouco vamos tentando melhorar o cenário…
6. Se pudesse nos indicar somente três livros para lermos, quais seriam? Por quê?
Difícil, ein? Rsrsrs. Vou citar três que gosto muito em ordem “crescente” de hábito de leitura:
1 – O casal que mora ao lado (Shari Lapena): Acho um livro excelente para quem quer voltar a ler mais ou começar a criar o hábito da leitura. É uma leitura rápida mas muito envolvente, com um final que nos pega de surpresa. A história é tão bem construída, que vamos nos envolvendo nas situações e não paramos de virar as páginas.
2 – 1984 (George Orwell): um clássico que deve ser lido por todos, principalmente no momento que estamos vivendo no país e no mundo (crescimento do extremismo, pandemia, tecnologias cada vez mais avançadas e nossa privacidade cada vez mais ameaçada…). Não é uma leitura para “iniciantes” no hábito de ler, mas acredito que seja um nível “intermediário” (rs), pois não é difícil, e é bem interessante!
3 – Crônica de uma morte anunciada (Gabriel García Marquez): Outro clássico, com uma premissa bem inusitada. Acho uma ótima opção para quem quer conhecer a escrita de García Márquez. Não é uma leitura difícil, mas também não é totalmente “leve”. Apesar disso, é genial.
7. Que tipo de leitura mais lhe agrada? E em qual momento do dia prefere ler?
Eu leio de tudo. Sempre fui muito fã dos “best-sellers”, mas nos últimos tempos tenho tentado ler mais títulos “pouco conhecidos ou comentados”, pois tem muita obra interessante que não é tão divulgada. Mas gosto muito de thrillers e histórias com reviravoltas. Biografias e crônicas também são estilos que tenho me aproximado cada vez. Com a pandemia, em casa, tenho lido mais de manhã, logo que acordo. Mas normalmente leio ao longo do dia, em todos os “intervalos” da rotina (esperando metrô, na fila da farmácia etc.). Antes de dormir costumo ler algumas páginas também.
8. Como você vê a questão da leitura entre os jovens no nosso país?
Acho que é a mesma questão sobre o incentivo à leitura. Muitas iniciativas com esse intuito (estimular o ler) estão cada vez mais transformando meninos e meninas em leitores e, consequentemente, formando jovens leitores. A Internet também ajuda muito nesse quesito, pois tem muita informação e material a quem se interessa por leitura. Mas, mais uma vez, a desigualdade é um obstáculo, pois muitos jovens ainda não têm acesso à Internet ou a livros físicos. Mas falando do interesse, acho que tem aumentado em relação ao hábito de ler. Acredito que nosso maior desafio é o celular. Temos que nos disciplinar e reservar um tempo para leitura, pois é muito fácil atualmente se distrair com outras atividades.
9. Como nasce o processo de produção de material que você divulga em sua página no Instagram?
Para planejar o conteúdo, eu tenho uma planilha onde coloco a agenda dos posts e algumas das minhas ideias para as semanas. Pesquiso muito sobre assuntos que possam informar, ensinar e trazer novidades na mesma medida para os seguidores, e também converso muito com eles, para saber de qual tipo de publicação eles mais gostam. A leitura também tem que ser constante, para que eu possa falar dos livros que estou lendo ou que finalizei. O principal – e digo isso para quem pensa em começar um perfil de algum assunto – é focar no conteúdo, falar de assuntos relevantes de forma organizada.
10. Além de leitora, exerce a função de escritora? Se não, já pensou em um dia exercer? E que tipo de literatura produziria?
Não escrevo, mas às vezes eu brinco de escrever crônicas no Facebook, contando episódios inusitados que acontecem no meu dia-a-dia. É comum ter essa vontade (de escrever um livro), e acho que muita gente pensa nisso. Meu problema é: sobre o que escrever? Ainda não tive uma ideia para livro rs
11. Planos literários para o futuro. E como as pessoas podem conhecer um pouco mais sobre seu trabalho?
Penso em continuar me dedicando ao @juentreestantes e promovendo encontros literários ou participando de eventos sobre o Ler. Meu objetivo principal é estimular a leitura de quem ainda não descobriu que gosta de ler e encorajar os que já leem a não perderem o hábito (porque leitura é isso, um hábito). No aspecto acadêmico, penso em fazer outra faculdade, agora de Psicologia, e iniciar um Mestrado na área de Comunicação Social, com foco em Mercado editorial ou Literatura. Quem quiser ler mais sobre o assunto “livros”, escrevo semanalmente para o blog Tribuna da Internet. Quem se interessar, pode entrar na página e buscar meu nome na caixa de busca do site. Além disso, estou todo dia online no Instagram e tento responder todas as mensagens o mais rápido possível! Por fim, gostaria de agradecer mais uma vez o convite e as perguntas!!!
