Covid 19: Lições e aprendizados em tempos de pandemia
Tenho me questionado quase que diariamente após acompanhar as notícias sobre o COVID 19 por meio de publicações científicas, estudos de opinião e mídia televisiva as recomendações de isolamento social, estudos exitosos com medicamentos que estão sendo testados em pacientes infectados com a doença, avanços na produção de vacinas, fechamento dos comércios e escolas e tantos outros assuntos que tem dividido opiniões e causado um grande colapso na economia, na saúde e principalmente nas relações de trabalho e familiares do povo brasileiro e demais nações. De fato, arrisco-me a dizer que esse cenário epidemiológico é sem dúvida o mais grave problema de saúde pública da história, com enfrentamento coletivo por todos os países do mundo, deixando rastro de mortes e pessoas infectadas lutando pela vida. Sem dúvida, os sistemas de saúde têm vivido um desafio enorme: assistir a milhares de pessoas suspeitas e/ou infectadas e ainda proteger seus trabalhadores para vencer a batalha contra o inimigo invisível!
Trago para reflexão: Que lição e aprendizados a pandemia pelo novo coronavírus tem nos deixado a partir da mudança de comportamentos e hábitos, ou seja, mudança no rumo e cotidiano das pessoas?
Pararam para pensar que as vezes não valorizamos pequenos gestos, como ligar para nossos familiares ou amigos para dizer que amamos ou perguntar se precisam de alguma coisa? Fazer vídeos e publicar nas redes sociais, fazer carreatas em frente à casa do nosso ente querido com demonstrações de carinho pelo seu aniversário. São gestos que não costumamos fazer na nossa rotina de vida agitada, mas com o cenário de distanciamento social, tornou-se experiências que tem possibilitado diminuir um pouco a saudade que sentimos e ao mesmo tempo dizer: estamos aqui, não desista de lutar! Posso afirmar como profissional de saúde e também como mãe e esposa que o sentimento que toma conta de mim é o medo, insegurança e incerteza! Digo isso porque não sabemos como serão nossas relações interpessoais, que comportamento adotaremos após a crise cessar, o que será da educação de nossos filhos que estão em quarentena há mais de 40 dias, tendo que incorporar a “pedagoga” para que eles não percam as habilidades e competências adquiridas nas series anteriores. Sem falar nas medidas de precaução sanitária que estamos implementando para que o vírus não chegue às nossas casas e destrua nossos projetos de vida familiares e profissionais.
É tudo muito assustador e devastador! Quando penso, a tristeza e o vazio toma conta de mim, tento canalizar meu tempo com coisas saudáveis, que preenchem o meu dia e me fazem esquecer, mesmo que por alguns minutos que o mundo sofre com o inimigo invisível e que pode ser eliminado a partir do simples ato de lavar as mãos e usar o álcool gel a 70%. Então paro e penso novamente: como pode ser tão difícil controlar um vírus invisível que morre em contato com esses produtos? Onde estamos errando? Será que as práticas não estando sendo cumpridas à risca ou estamos esgotados físico e mentalmente para continuarmos a segui-las? Muitos desejam também o retorno de todas as atividades, pois o país não pode parar a sua economia, muitos trabalhadores perderam seus empregos ou estão ameaçados de perdê-los. Será que a medida de relaxamento social nesse momento é a melhor estratégia? Tenho receio de que a população que respeitou o distanciamento e seguiu todas as recomendações de prevenção seja surpreendida com a infecção pelo vírus após o retorno dos demais serviços não essenciais, inclusive com o retorno das nossas crianças às escolas. A mente não para de processar informações!
Como lidar com tanta informação produzida pela mídia sensacionalista e em tempos de fake News? O que considerar realmente necessário para seguirmos em frente e não adoecermos psiquicamente ouvindo e lendo estatísticas de tantas mortes e doentes infectados pelo Covid 19?
Frente a isso, algumas lições que tenho aprendido com a pandemia: a leitura e a produção textual tem sido meu hobby predileto, além de curtir meu filho Thiago. Não aprendi a meditar ainda, mas vale a pena tentar. Aprenda um novo idioma, cuide de seu jardim e de sua casa, adote hábitos alimentares saudáveis, invista na prevenção sempre, adote um animal, seja solidário e participe das campanhas que se propõe ajudar o próximo, aprenda a recitar versos e a escrever poesias, coloque para fora esse sentimento que habita em você e se permita viver, se protegendo do inimigo invisível. E por fim, em tempo de pandemia, sigo usando máscara, assim eu protejo você e você me protege, se também usar!
(Esse texto é de Thais Moreira Peixoto, natural de Feira de Santana-BA, Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente é docente substituta do Departamento de Saúde da UEFS e Referência Técnica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana. Amante da leitura e descobrindo um prazer todo especial pela escrita de produções culturais. Instagram: thaismorep)
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