Entrevista - AraçáENTREVISTAS

Conheça o poeta e trovador pernambucano Alberto Valença Lima

albertovlimapoeta@gmail.com

A Revista P&P está apresentando seus novos colunistas. Conheça o poeta e trovador pernambucano Alberto Valença Lima

1.Apresente-se

Meu nome é Alberto Valença Lima. Sou uma pessoa estudiosa e com muita sede de conhecimento. Sendo assim, atingi e conquistei a maior parte das coisas que tenho hoje desde os 40 ou 45 anos aproximadamente. Agora estou com 72, quase 73. Estou em um novo casamento há quatro anos, com Maria do Socorro Barreto de Lima, de quem já fui noivo há 50 anos, e que sempre foi o grande amor de minha vida. Tenho um casal de filhos já adultos e um casal de netos. Eu concluí quatro graduações (Licenciatura em Física, Bacharel em Psicologia, Psicologia Escolar, Bacharel em Direito) fiz mestrado em Ensino de Ciências, além de 2 especializações e mais de 30 cursos de aperfeiçoamento, além de mais de 50 extensões. Lecionei por 29 anos Física, Matemática, Estatística, Psicologia, fui um dos principais responsáveis pela criação de um laboratório de Física com cerca de 2 a 3 mil equipamentos além da elaboração de diversos experimentos para mais de 5 mil alunos por ano ao longo de quase 6 anos. Durante o mestrado foi ao longo de um ano o Coordenador de Tutoria num curso de Direito Ambiental e Ecologia a distância na Universidade Federal Rural de Pernambuco, englobando polos em 9 cidades diferentes, incluindo uma no Piauí, uma no Ceará, e mais sete em Pernambuco, entre sertão, zona da Mata e capital, tudo coordenado pelo MEC. Em 2006 criei um blog que batizei como Verdades de um Ser que está no ar até hoje. Nele são comentados filmes, livros e explorados alguns compositores admirados por mim. São oferecidos ainda filmes online de grande relevância tais como Adorável vagabundo (Capra), A bossa da conquista (Richard Lester), Crepúsculo dos deuses (Billy Wilder), A mulher pública (Hitchcock) e Bancando o Águia (Buster Keaton) entre muitos outros. Além da publicação de textos autorais do criador do blog. Sou membro fundador e titular da cadeira nº 3 da ABLAM – Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas, a primeira Academia Minimalista do Brasil, e quiçá do mundo! Também participo como membro correspondente da Academia de Letras de Goiana – PE e da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.

2.Você tem diversas graduações e em áreas bem diferentes. O quanto isso influenciou na sua escrita?

Não são áreas tão diferentes assim, mas certamente, essas graduações têm alguma influência na minha escrita. Entretanto, como escrevo desde a adolescência, meus primeiros passos na literatura devo-os, principalmente aos meus autores prediletos – Vinícius de Moraes, Antoine de Saint Exupery, Castro Alves, Olavo Bilac, Érico Veríssimo, Guilherme de Almeida e tantos outros que fica difícil enumerar. Mas, voltando à pergunta: quando comecei a minha primeira graduação, estava com 19 anos e em sérias discussões com Deus. A Física me trouxe muita luz a estas discussões e cheguei mesmo, a formular uma teoria sobre a existência e a natureza de Deus. E isso me deu, várias laudas de textos que nunca cheguei a publicar e que hoje estão em algum lugar desconhecido. Bem, o que quero dizer, é que quando iniciei minha primeira graduação, eu já tinha uma forma de escrever própria e que não mudou muito  desde então. Mas, é claro que mudou. Eu só não sei precisar a que nível.

3.Em 2018, você lançou “Caminhos de mim”. Conte-nos sobre a obra.

Bem, “Caminhos de mim” é a realização de um sonho. Segundo o poeta cubano José Marti, todos nós precisamos plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho ao longo da vida. Eu já tinha plantado várias árvores, já tinha 2 filhos. Faltava só escrever um livro e, realizar este desiderato foi como realizar um sonho. A obra já tinha sido ensaiada várias vezes. Cheguei até a publicar em uma página pessoal uma edição anterior deste livro. Com uma capa e tudo  mais criados por mim. Sem ajuda de ninguém. Mas, escrever um livro, e editá-lo e lança-lo, não é uma coisa tão simples quanto é hoje. Há 5 anos, a realidade era totalmente diversa. Cheguei a estar com a edição pronta e modifiquei muita coisa depois de apresenta-la para uma amiga que já tinha lançado vários livros. E tudo durou, creio eu, mais de um ano. Ela me recomendou que eu não fizesse eu próprio a revisão. Que entregasse a alguém especializado nisto. E me recomendou um amigo de quem me tornei também amigo e que fez uma revisão exemplar no meu livro. Feita a revisão, o livro foi para diagramação e impressão. Fui eu que patrocinei a edição dele e não ficou barato. Mas, foi como disse, a realização de um sonho. Então, não tenho do que reclamar. O livro é todo de poesias. A grande maioria, estava publicada no Recanto das Letras. Depois do lançamento do livro, deixei lá apenas o trecho inicial de cada uma. Ele está dividido em quatro partes; Poemas clássicos e modernos, Poetrix, EcoSys, Indrisos e Rondeis, e a última parte – Sonetos. Sobre o Poetrix vou falar ligeiramente pois é destaque no livro. Havia sido apresentado a este estilo, no ano do lançamento do livro, embora seja um estilo que já contava com quase 20 anos de sua criação por um poeta baiano, o Goulart Gomes, de quem também fiquei amigo. E foi exatamente pela comemoração desses 20 anos de criação do estilo, que vim  a conhece-lo. Participei de um concurso internacional conquistando o 10º lugar em meio a mais de dois mil concorrentes. Ressalto que os primeiros Poetrix que compus, foram para participar do concurso. Neste ano e no ano seguinte, eu praticamente só compus Poetrix. Foram mais de dois mil Poetrix compostos em quase dois anos. E escolhi os melhores, para coloca-los no livro. Tanto que, o revisor, que escreveu um posfácio em “Caminhos de mim”, dizendo: “E dá pra notar que, embora Alberto Valença domine bem a métrica e a rima, é no minimalismo e liberdade do Poetrix que se dá boa parte do melhor da poesia do autor.”

4.Você pertence a União Brasileira de Trovadores. Como chegou a instituição e como despertou o interesse pela trova?

O ano de 2018 foi muito marcante na minha vida literária. Além de ter sido apresentado ao Poetrix no início do ano, de ter lançado meu primeiro livro em novembro deste ano, foi  também o ano que tive meu primeiro contato com a trova e com a UBT. Creio que em março ou abril, não lembro bem, vi no Recanto das Letras alguém que escreveu uma trova, ou disse que era uma trova. Isso é muito comum naquele espaço. Alguém denominar o que escreve do que deseja, sem ter a menor ideia do que está falando. Por exemplo, já vi quem dissesse que o que escreveu era um Poetrix, que é um poema de 3 versos apenas, com 10 ou 15. Já vi também quem dissesse que era trova algo que escreveu em prosa, com quase uma lauda e outras coisas mais. Para não cometer o mesmo erro, fui pesquisar o que era trova. Foi quando conheci o site Falando de Trova e fiquei fascinado com o que encontrei. Escrevi 2 trovas e perguntei ao Ouverney o que era necessário para poder ter um perfil lá, junto com todos aqueles trovadores que são apresentados lá. Ele me disse que eu escrevesse algumas trovas e um breve resumo de meu currículo e enviasse para ele publicar. Vi também lá e em outros lugares onde pesquisei, algo sobre a UBT e me imaginei pertencendo àquela entidade de tanto renome e fama. Ora, enviei para o Ouverney minhas trovas, meu currículo e aguardei. Nada de ele publicar. Voltei a entrar em contato e perguntei sobre a publicação e ele respondeu: você me mandou umas quadras sem métrica nem rima. Vá estudar um pouco e depois volte a me enviar. Aí eu perguntei a ele como era que eu devia fazer para entrar na UBT. Pensei comigo mesmo: essa é a melhor maneira de eu aprender. Ele me passou o contato de Domitilla que era na época a presidente nacional. Eu mandei pra ela uma mensagem e pouco tempo depois recebi a resposta. Ela falou que em Pernambuco só tinha uma cidade com representação da UBT que era Arcoverde. E me perguntou se eu poderia frequentar a UBT de lá. Eu falei pra ela que Arcoverde ficava a mais de200 km de Recife, onde eu morava. Aí ela disse que o jeito mais fácil era eu me tornar Delegado da UBT lá em Recife. Perguntei a ela o que precisava para isso e ela respondeu que nada. Apenas que eu gostasse da trova e me constituiu Delegado da UBT em Recife em junho de 2018. Resolvi praticar para começar a aprender a fazer trovas. Assumi comigo mesmo um compromisso e compor ao menos uma trova por dia ao longo de um ano. E cumpri rigorosamente e este compromisso, publicando lá no Recanto das Letras, uma trova a cada dia, sem falhar nem um dia sequer. E nesse caminho, participei de alguns concursos e tive trovas vitoriosas. Uma delas, foi a vencedora dos Jogos Florais de Itaocara no Rio de Janeiro, para onde viajei afim de receber a premiação. Então, 2018 foi, verdadeiramente, um ano  muito marcante para minha vida literária.

5.Ainda sobre a UBT, você fundou uma seção e presidiu outra. Como foi tal experiência?

Como Delegado eu comecei a me mobilizar para fazer crescer a Delegacia. Chamei um amigo também poeta para juntar-se a mim e ele topou. Fui numa reunião de poetas e poetisas em Olinda e convidei algumas pessoas para também se juntarem a nós. E assim, a Delegacia foi crescendo. Fiz um concurso regional para conseguir mais adeptos, criei um jornal informativo, criei um blog, tudo falando da Delegacia da UBT. Em novembro a Delegacia já estava com 18 membros e eu falei pra Domitilla que queria transformá-la em Seção. Ela disse que queria estar presente na solenidade, mas que só poderia ir em janeiro. Desse modo, em 17 de janeiro, ela foi a Recife junto com Therezinha Brisolla, na época a secretária nacional da UBT, para a solenidade de transformação da Delegacia em Seção e a posse do primeiro Presidente, que era eu que havia sido eleito por unanimidade no ano anterior. Ela aproveitou que estava indo lá para fazer uma oficina de trovas, para a qual eu consegui 36 pessoas para participar. Foram 2 dias de oficina e um grande sucesso que marcou a vida de muita gente. Em especial, a minha. Com o meu casamento e minha mudança pra São Paulo, fui forçado a passar a presidência para outra pessoa, que é quem tem sido o suporte da UBT em Recife e em Olinda, duas cidades vizinhas e irmãs. Aqui em São Paulo, a UBT estava inativa há mais de dois anos que desde antes da pandemia, sofreu um forte abalo com a morte de sua  presidente e na pandemia sofreu mais ainda, com a morte de outros membros e, praticamente fechou a Seção São Paulo, que já foi a maior Sessão do país. Domitilla me convidou para presidir a seção e eu lhe disse que não poderia pois não conhecia ninguém e ela então chamou outra pessoa mas esta pessoa teve que se ausentar então, como era o vice-Presidente, tive que assumir a presidência. Um ano depois, por motivo de trabalho e de saúde, tive que também entregar a presidência e atualmente é a Patrícia Rocco a presidente da seção.

6.É o criador de cinco estilos literários de poesia registrados no Recanto das Letras. Explique-nos.

Sim, em 2021 publiquei no Recanto das Letras a teoria de um novo estilo que criara desde o ano anterior, mas por motivos diversos só fui publicar a teoria do estilo no ano seguinte. Denominei este estilo de Reverbera-Trio pois ele ao ser lido dá uma ideia de reverberação, uma vez que ele repete a última palavra de um verso no início do verso seguinte. E trio pois cada estrofe é formada por três versos. Ele se baseia em uma figura poética muito antiga e bem pouco conhecida da era barroca chamada “Anadiplose”, e praticada por poetas como Cruz e Souza ou Gregório de Matos, entre outros. Cheguei a ser acusado de plágio por uma moça que criou um estilo parecido baseado na mesma figura de linguagem e tive sérios problemas com isso. Mas depois, ficou esclarecido que se alguém tinha plagiado era ela que plagiara Cruz e Souza ou o próprio Gregório Matos. Já escrevi mais de 100 reverberas-trio e vários autores do Recanto das Letras também criaram poemas neste estilo. Organizei e publiquei um e-book que encontra-se disponível no meu blog para qualquer pessoa baixa-lo sem nenhum custo, com alguns Reverberas-Trio de minha autoria e mais cinco Reverberas-Trio de cada um dos mais de quinze coautores do e-book. Disponibilizo a seguir o link da postagem do meu blog que dá acesso a este e-book (https://verdadesdeumser.com.br/2022/10/08/e-book-reverbera-trio-alberto-valenca-lima/). No ano passado eu criei os outros quatro estilos. São eles: PoeDez, Nuance, PoeDez Expandido e Nuance Expandido. Os quatro têm todos uma mesma base. São poemas de quatro estrofes cada um, em que cada estrofe tem um verso a menos que a estrofe anterior. Ou seja, todos começam com uma estrofe de quatro versos e terminam com uma estrofe de apenas um verso. Então, esquematizando seria 4, 3, 2, 1. Todos têm apenas três rimas e, necessariamente, todos devem ter um título. Caso este não se apresente, considera-se como tal o primeiro verso ou parte dele. E agora vamos falar sobre o  que diferencia cada um. No PoeDez, tem-se na primeira estrofe todos os versos com a mesma rima, depois a segunda rima é a mesma para todos os versos da segunda estrofe e a última rima é a mesma para todos os versos da terceira estrofe. A última estrofe, que só tem um verso, rima ou com os versos da segunda ou com os da terceira estrofe. Todos os versos só podem ter no máximo cinco sílabas poéticas. Quem não souber o que são sílabas poéticas procure se informar a respeito. O importante é que sílabas poéticas não é a mesma coisa que sílabas gramaticais. Cada verso deve ter entre 4 e 5 palavras mas o ideal éque tenha até, no máximo três. Esquema de rimas do PoeDez => AAAA   BBB   CCC   B ou AAAA   BBB   CCC   C (Há duas possibilidades). Já o Nuance é exatamente igual ao PoeDez, exceto pelo esquema das rimas. No Nuance o esquema de rimas é um só =>ABAB   CBA   CC   A. Ou seja: Na primeira estrofe, há duas rimas alternadas. Na segunda estrofe é introduzida a terceira rima no primeiro verso e os outros dois, repetem as rimas da primeira estrofe só que em ordem inversa. Primeiro vem a rima B e depois a rima A, ou seja, primeiro vem a rima do  segundo verso e depois a do primeiro verso da primeira estrofe. Na terceira estrofe os dois versos têm a mesma rima do verso 1 da segunda estrofe. E o único verso da última estrofe tem a mesma rima com que se inicia o poema, ou seja igual ao verso 1 da primeira estrofe. Já os estilos PoeDez Expandido e Nuance Expandido, têm a mesma estrutura do PoeDez e do Nuance, respectivamente, exceto pela métrica dos versos. Nos dois estilos, a métrica dos versos é a mesma. Ambos são compostos com versos heptassílabos, ou seja, sete sílabas poéticas, o que significa que ambos são poemas em redondilha maior. Para facilitar o entendimento, vou deixar aqui como exemplo de cada um desses estilos um link diferente para cada um deles.

– Reverbera-Trio – Já deixado acima link para o e-book onde há muitos reverberas-trio.

– PoeDez =>PoeDez – Novo estilo poético – Verdades de um Ser

– Nuance =>Primeiros 20 Nuances compostos – Verdades de um Ser

– PoeDez Expandido =>Sobre o PoeDez Expandido (prosaeverso.net)

– Nuance Expandido =>Os dez primeiros Nuances Expandidos [Texto autoral] – Verdades de um Ser

7.Planos para o futuro e contatos

São diversos, mas, o principal deles é concluir a edição do livro que explora a nossa vida (de minha esposa e minha) ao longo dos 50 anos que separam o dia em que nos conhecemos e o nosso casamento há 4 anos. Também pretendo escrever livros infantis. Depois, pretendemos juntos irmos até Paris e viajar por outros países da Europa. Meu contato é albertovlimapoeta@gmail.com

Mostrar mais

Renato Cardoso

Renato Cardoso é casado com Daniele Dantas Cardoso. Pai de duas lindas meninas, Helena Dantas Cardoso e Ana Dantas Cardoso. Começou a escrever em 2004, quando mostrou seus textos no antigo Orkut. Em 2008, lançou o primeiro volume de “Devaneios d’um Poeta” e em 2022, o volume II com o subtítulo "O Rosto do Poeta". Graduado em Letras pela UERJ FFP e graduando em História pela Uninter. Atua como professor desde 2006 na rede privada. Leciona Língua Inglesa, Literatura, Produção Textual e História em diversas escolas particulares e em diversos segmentos no município de São Gonçalo. Coordenou, de 2009 a 2019, o projeto cultural Diário da Poesia, no qual também foi idealizador. Editorou o Jornal Diário da Poesia de 2015 a 2019 e o Portal Diário da Poesia em 2019. É autor e editor de diversos livros de poesias e crônicas, tendo participado de diversas antologias. Apresenta saraus itinerantes em escolas das redes pública e privada, assim como em universidades e centros culturais. Produziu e apresentou o programa “Arte, Cultura & Outras Coisas” na Rádio Aliança 98,7FM entre 2018 e 2020. Hoje editora a Revista Entre Poetas & Poesias e o Suplemento Araçá.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo