A história real do bairro Realengo
Série: Histórias do Brasil (conto X)
Essa história me foi oferecida pelo radialista Edson Oliveira, no Programa Entre Amigos, da Web Rádio Feliz Cidade FM, que tem por objetivo valorizar, dar espaço e destacar os valores artísticos da cidade. Estávamos sendo entrevistados, eu e os poetas Zé Salvador e Alessandra Honorata, nesse programa excelente, que vai ao ar todo sábado, a partir das 10 horas, quando ouvimos o caso. E vamos ao conto.
Dia desses, um radialista amigo e famoso aqui da cidade me esclareceu um fato digno de ofertar a você. Pensei, se me agrada saber disso, decerto interesserá aos meus leitores também. Pois é, falo aqui no bairro Realengo, lá para os lados da Zona Oeste do Rio de Janeiro, e creio que vale a pena saber.
Realengo é uma enorme localidade que se espalha entre o Maciço da Pedra Branca e a Serra do Mendanha. A tradição acerca do nome que deu registro ao lugar possui variadas e fantasiosas versões. Uns dizem que o termo Realengo decorreria da língua alemã e significaria “terras distantes do reino”. Outros afirmam ter sido nome de batismo de um certo personagem histórico. E tudo isso cai no mesmo saco plástico das especulações. No entanto, de modo mais lógico e equilibrado, fica-nos uma outra explicação — e é mesmo sobre isso que o amigo Edson narrou pra mim.
De acordo com os mais antigos moradores do lugar, Realengo teria derivado de uma abreviatura do nome Real Engenho e passado a ser escrito como Real Engº, indicando nas placas dos bondes o referido trajeto. Exato, simples assim, de Real Engenho, devido à ligação óbvia com a família Real do Brasil, a corruptela do nome deu ensejo ao mais sonoro e popular Realengo. E não é que essa lógica me fez lembrar de outro exemplo! Recordo de quando criança, eu achava tão bonito o nome Gal Castrioto que apelidei meu cachorro de Gal, pois muito sonora essa abreviação me parecia. Época de inocências, decerto anos depois me revelariam que o tal Gal decorria da redução do nome General, escrito na placa encrustada em frente do batalhão de polícia. Estava lá (e ainda está): Caserna Gal Castrioto. Bem, e já que falamos em assunto militar de caserna, melhor pontuar essa história lembrando que Realengo durante muito tempo abrigou uma fábrica de munição e suprimentos militares que eliminaram aquela atmosfera rural de outrora. O assunto é mesmo interessante, sobre esse bairro da Zona Oeste referido pelo amigo Edson, eu ficaria horas a lhe ouvir a locução grave e lógica, mas tal qual ele naquele dia, eu agora preciso abreviar esta narrativa.
Enfim, em meio à explicação sobre o antigo Real Engº, recordo da famosa música do Gilberto Gil, faço uma brincadeira e saúdo o pessoal de lá: “Alô, alô Realengo aquele abraço”.