Desabafos & DiscussõesLuiza Moura

Quarentena Conectada

Ouvi dizer que nesse momento pandêmico o mundo está conectado de uma forma que nunca esteve, tudo e todos numa só rede, “on line” e “in lives”. O cotidiano palpável, concreto, aquecido pelos sentidos,  passou a ser mediado pelo “on-line”: aula de dança, alongamento, corte de cabelo, curso de culinária, terapia, reunião de trabalho, aulas e avaliações da faculdade. E até o jardim de infância está online!!!! Está tudo lá!!! On-line: regras para “um bem viver”, como se tornar familiar para seu estranho familiar, esqueça a solidão essa bandida, vamos cair nos arrochanejos e sofrências. Está tudo lá!!! Posts e Lives com dicas para não perder o crush ou o casamento na quarentena. Nessa eu ainda não fui não, mas soube que a Maria da Penha está com tudo, “batendo” todos os recordes de audiência. Será que as audiências de custódia também estão acontecendo on line???

Café, almoço, lanche e janta, tudo entregue no conforto do seu lar. Alguns dizem que “o tudo delivery” facilita o cuidado de si e do outro. Bem como a sua “entrega”: auto entrega, entrega ao mundo real ou entrega de fuga ao mundo virtual… é deli, é very, é gold… O mundo está  “on line” e “in live”!!! Todos conectados numa só rede…Eu também!!!! Só que não!!!

Tô na rede, tô on-line e tô in live!!!

Estou na rede uterina, lá tem pulsação e emoção. Epicentro do meu poder. Poder de ação. Estou na rede da varanda, mediando discussões calorosas entre minha solidão e solitude. Fizemos um acordo. Carga horária definida, respeitando as funções e limites de cada uma. Nada de invasão, cada uma com sua jurisdição. Foi isso mesmo. Creia!!! Deram-se as mãos. Eu tô na rede a balançar. Tô on-line a me conectar. Tô na live do meu pulsar. Tô na rede da varanda, buscando a conexão com essa imensidão de céu. A lua me bugou, tive que resetar-me da razão. Agora “me Google” a procura de estrelas cadentes e piscantes, com nome, sem nome, solitárias, agrupadas, imponentes, metidas, reluzentes, tímidas, corajosas, sutis ou intensas. Enfim, estreio todos os dias. Estou in live, ao vivo, viva em mim.

(Esse texto é de Missandra Almeida, Historiadora, Acadêmica de Psicologia. “Natural” de Coração de Maria, BA, reside em Aracaju, SE. Uma sergibaiana!)

Participe também dessa coluna! Envie o seu texto (de desabafo ou reflexão) para o email lmsn_91@hotmail.com ou entre em contato pelo instagram @luiza.moura.ef. A sua voz precisa ser ouvida! Juntos temos mais força! Um grande abraço e sintam-se desde já acolhidos!

Luiza Moura.

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Luiza Moura

Luiza Moura de Souza Azevedo é de Feira de Santana. Enfermeira. Psicanalista e Hipnoterapeuta. Perita Judicial. Mestre em Psicologia e Intervenções em Saúde. Doutora Honoris Causa em Educação. PhD em Saúde Mental - Honoris Causa - IIBMRT - UDSLA (USA); Doutora Honoris Causa em Literatura pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. Possui MBA em gestão de Pessoas e Liderança. Sexóloga; Especialista em Terapia de Casal: Abordagem Psicanalítica. Especialista em Saúde Pública. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Especialista em Perícias Forenses. Especialista em Enfermagem Forense. Compositora e Produtora Fonográfica. Com cursos de Francês e Inglês avançados e Espanhol intermediário. Imortal da Academia de Letras do Brasil/Suíça. Acadêmica do Núcleo de Letras e Artes de Buenos Aires. Membro da Luminescence- Academia Francesa de Artes, letras e Cultura. Membro da Literarte- Associação Internacional de Escritores e Artistas. Publicou os livros: “A pequena Flor-de-Lis, o Beija-flor e o imenso amarElo” e "A Arte de Amar. Instagram: @luiza.moura.ef

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3 Comentários

  1. Escrever e refletir é por si só um refúgio. Do estranho mundo externo, ao extraordinário e às vezes ordinário mundo interior. O nascer, viver e morrer, antes tão simples e natural curso, tornou-se um complexo pesadelo, de modos, fugas, detalhes, critérios e passo a passos tudo devidamente registrados em tutoriais, apps e vídeos on line monetizados. Um mundo frio, artificial, de vidas artificiais, tão frio quanto o distanciamento causado por essa pandemia. Mas se o vírus da distância nós dá essa lição de valorizar o afeto do calor de um abraço ou aperto de mão como nunca antes fizemos, porque o distanciamento “residencial” aumentou na mesma proporção dentro de tantos lares? Maldito vírus. Mas, bendita reflexão que ele nos proporciona.

  2. Li me imaginando da varanda do apartamento olhando para o céu. Talvez minha solidão e minha solitude devessem discutir também.
    Nunca é tarde, não é verdade.

  3. Perspetivas. Como precisamos exercitar o olhar para a diversidade de perspetivas que está posta. Esse texto soma-se a esse apelo da sensibilidade às perspectivas. É mais uma delas, inversa à lógica da fuga da realidade. Terraaaa! Rsrs

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