Crônica A paz interiorana e sua Epifania
Imagem: Arquivo Pessoal
Já vivi muitos anos de minha vida em cidade grande. Estudei, me criei, casei e tive filhos, sempre pisando o chão das grandes metrópoles. Ainda hoje trabalho e passo metade da minha semana em São Gonçalo – RJ, a segunda maior cidade em população do Estado. Graças às circunstâncias da minha vida tenho o privilégio de dividir residência com a belíssima cidade de São José do Calçado no sul do Estado do Espírito Santo, que recebeu recentemente da Câmara de Deputados Capixaba, o título de “Cidade dos Escritores”.
Desde muito novo sou um entusiasta da vida nas cidades do interior. Cidades pacatas e com clima aprazível em que o tempo passa devagar, em ritmo lento e desacelerado. Não há pressa. Por essas paragens a vida não urge como nas metrópoles. Os segundos têm um tempo que é diferente. Ganha-se em qualidade de vida. Isso não irá impedir que alguém morra, mas irá garantir paz de espírito ao ser humano que se desafiar a vivenciá-lo. Citarei alguns desses lugares (sabendo que corro o risco de ser injusto com tantos outros), onde é possível marcar um encontro especial consigo, com seu eu interior.
Começo com a pacata e singela pracinha de Santana do Deserto – MG e sua sensação de liberdade da alma. Também em Minas Gerais recomendo uma das inúmeras e encantadoras praças da pequenina e acolhedora cidade de Volta Grande – MG. Por falar em encanto temos também o famoso Jardim Velho, em Paraíba do Sul – RJ, com sua rica história, seus jardins, seu tamanho, suas centenárias palmeiras que formam uma Cruz de Malta e seu chão pintado com as cores dos jamelões que caem sem parar. Mas hoje meu coração transborda pela mais linda praça do mundo que fica na incrível cidade de São José do Calçado – ES, onde contemplo o horizonte em contentamento.
Nesses lugares, o simples parar, sentar e respirar fundo se torna uma oração. Um momento único e quase epifânico. Não me surpreenderia se alguém me contasse que teve um caso semelhante num desses lugares citados.
Então aproveitemos para desfrutar e contemplar essa dádiva enquanto ainda podemos. Se as pessoas soubessem o tamanho desse privilégio se ajoelhariam em agradecimento.
Por Renatto D’Euthymio
Instagram: @renattodeuthymio