Renato Amaral

Crônica O Escritor

Imagem de Jill Wellington por Pixabay

 

Quem diria, em algum momento, que o escritor padeceria da modernidade, da tecnologia ou da rapidez que anda o mundo. Apesar das horas jamais terem sido alteradas.

O escritor é aquele que muito quer falar (escrever), mas infelizmente, já não encontra quem o queira ouvir (ler). Pode até se dar ao luxo de escolher se sua voz está sendo abafada, ou se reverbera em eco nos grandes vales e retorna a si, sem encontrar vivalma.

Houve um tempo, não tão distante, que ao se apresentar como escritor, era-lhe automaticamente pelo receptor conferido deferência ao seu trabalho. Quase uma rubrica, chancela, ou credencial. Hoje, no máximo o receptor se ressente por nós. Sentem pena, mesmo! Mentalmente lamentam, até!

Nós, escritores, escrevemos sem a mínima noção se algum dia alguém nos lererá? Se teremos em vida o “desprazer” de fazer parte do rol dos escritores que passaram pelo crivo de um mordaz “crítico literário” para esculachar nossos livros, zombar da nossa escrita, destruir nossos horizontes, esculhambar nossa obra e nos humilhar publicamente até ficarmos dois dias deitados na cama em posição fetal.

De antemão, digo que fama é algo que não procuramos, pois somos cientes da realidade. Digo também que, dinheiro até gostaríamos, pois fora do eu lírico há boletos à pagar. Em nosso ideário mais otimista, se obtivermos algum reconhecimento pelos nossos rascunhos, será o ápice da carreira.

Quanto aos livros, bem…essa é a parte mais chata. Os amigos até querem, mas de presente.  Outros te falam que compraram livros de Autor tal ou Beltrano da Moda, mas se recusam a pagar uma mixaria no seu suado trabalho. Por isso, sempre alerto os que estão começando na carreira, para que não caiam tão incautos na decepção que é a venda dos próprios livros.

Enfim, esse é um desabafo real do mundo fictício literário e da vida ilusória do escritor nos tempos atuais. Nos tempos de Zygmunt Bauman.

 

Por Renatto D’Euthymio

Instagram: @renattodeuthymio

 

 

 

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Renatto D'Euthymio

Renatto D'Euthymio, carioca de Santa Tereza, dividindo residência entre São Gonçalo - RJ e a pacata e inspiradora, São José do Calçado no Estado do Espírito Santo. Estudante Rosacruz, técnico em Radiologia, flamenguista fanático e apaixonado pelas filhas Rannya e Rayanne. Cultiva desde criança uma paixão pelos livros e seus gênios. Autor do livro de poemas Solilóquio Antes e Depois da Forca (2020) e do livro de humor O Tabloide Jocoso (2021). Premiado em dezenas de concursos literários (Poesia, Crônica, Conto e Microconto), e publicado em Antologias e Coletâneas. É tão ligado à Literatura que de vez em quando não se contém e atreve-se a rabiscar algumas linhas.

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