Como está sua Bateria Social?
Foi num desses momentos únicos donde se extrai inspiração para desenvolver um texto que encontrei a expressão que dá título a essas linhas. Sim! Ao contrário do que a gente imagina, a verve para produzir um texto que esteja alinhado com os anseios, as expectativas e a contemporaneidade na qual vivemos nem sempre vem de um profundo e audacioso estudo literário recheado de termos garbosos. Não! Foi numa conversa totalmente desprovida de missões acadêmicas com uma adolescente de 14 anos que descobri a tradução do termo que, em pouquíssimas palavras, exprimem o meio ambiente da geração Z e sua disposição para lidar com outros seres humanos. Sim, “BATERIA SOCIAL”.
Nesse referido papo, a mocinha explicava o quanto a escola estava sendo, para ela, um lugar onde o questionamento sobre o “por quê” de se frequentar aquela instituição escolar tornara-se mais importante do que “o que” se ensinava e aprendia ali. Ou seja, a parte social da escola pesava muito mais no âmbito emocional e afetivo da menina do que as matérias que ali se lecionava. E, claro, aquela convivência com a demasiada variedade de personalidades de “alunos”, transformava a ida a instituição em algo muito mais parecido com um sofrimento diário do que uma busca pelo saber.
E nesse ponto, surgiu a pérola sagrada do linguajar da adolescente: “- Aff, minha Bateria social está baixa. ”
Pronto! Um turbilhão de significados e significantes tomaram conta do meu surpreso e inquietante cérebro! Mas como assim, “Bateria Social”? Essa analogia é simplesmente tanto genial e criativa quanto espantosa e preocupante – Pensei…
Note: A personificação do seu próprio status emocional/psicológico ante a tarefa de lidar com gente – principalmente as indesejáveis – encontrou solo fértil nos meandros tecnológicos para sua expressão, pois o status da carga da bateria do celular serviu para explicar como o desgaste emocional advindo de relacionamentos inadequados, desnecessários, desestimuladores e até mesmo tóxicos, faz parte pulsante da vida dos jovens.
Perguntei para ela: ”Você inventou esse termo ou ouviu alguém falar?” Ela disse que uma colega da escola falou essa expressão num dia e ela gostou. E ela decidiu usá-lo ali, durante a nossa conversa. Ficou feliz em saber que achei o termo altamente preciso e eficiente quando se deseja explicar o que a gente sente quando se está com uma vontade “enooorme” de não ver, falar nem interagir com ninguém. Coisas de ser humano, não só de adolescente.
E, partindo para voos mais altos nos meandros da mente, fica o nobre leitor com a missão de imaginar como a nossa bateria social pode se descarregar mais rápido, ficar sobrecarregada ou até mesmo, viciada. E, quando em carga baixa, quais seriam os meios para recarregar a bateria social? Ou seria melhor deixar o plugue do carregador desconectado da tomada? Afinal, o que existe de gente sugadora de energia espalhada por aí, não consta no manual de instruções de nenhum gadget…
Créditos das imagens: Ícones de baterias: Imagem de Michał Jamro por Pixabay em https://pixabay.com/pt/vectors/baterias-pousar-%C3%ADcones-conjunto-1379208/
Emojis em formato de folhas: Imagem de David Munar por Pixabay em https://pixabay.com/pt/vectors/emojis-pouco-folha-miniatura-6289011/