Elias Antunes

RELATO DE UM NÁUFRAGO, DE GARCÍA MARQUEZ

RELATO DE UM NÁUFRAGO, DE GARCÍA MARQUEZ

 

Por Elias Antunes

 

Sei que a literatura, a mais das vezes, trata-se de uma contínua evocação de nosso gosto pessoal.

Confesso que não colocaria García Marquez como o melhor autor latino-americano. À frente dele poria: Jorge Luís Borges, Ernesto Sábato, Júlio Cortazar e Vargas Llosa, mas confesso também que li um livro de autoria do escritor colombiano e Prêmio Nobel de Literatura que me fez reconhecer todo o poder de um mestre da narrativa.

O livro “Relato de um náufrago” que anda entre a reportagem e a literatura ao que se convencionou chamar de jornalismo literário, conta a história de Luís Alexandre Velasco, marinheiro que caiu no mar, juntamente com mais 7 tripulantes de um destroier.

Velasco conta pela pena de Marquez como sobreviveu durante 10 dias no mar, enfrentando sede, fome, frio e o sol escaldante.

Trata-se de um livro excepcional, cheio de lances, pensamentos, dúvidas, fraquezas e forças de um homem sozinho, vencendo a todos os percalços, sem vislumbrar uma saída.

Nesse texto, como o diário de um sobrevivente, García Marquez consegue transmitir todas as dores e dúvidas vividas pelo marinheiro e sua solidão mortal no meio do mar imenso.

O mar talvez seja uma das forças mais indomáveis da natureza, aquela que tem inspirado e gerado tantas histórias incríveis.

A tensão aumenta quando se sabe que não se trata de ficção, porém de algo real que aconteceu com Velasco.

O texto flui a partir da perspectiva do sobrevivente, imaginando que a qualquer momento poderia perecer, deixar de existir, inclusive devorado por tubarões.

A proximidade da morte, para quem viu seus companheiros morrerem, aumenta cada vez mais suas angústias, ao ponto de se entregar à sorte nas águas profundas do mar.

Narrativa tensa, porém genial.

 

Fonte da imagem: Foto do autor.

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Elias Antunes

Filho de um dos trabalhadores pioneiros que construíram Brasília, Elias Antunes nasceu em Goiânia, em 1964. Trabalhou como servente de pedreiro, vendedor ambulante, contínuo. Depois, entrou na Secretaria de Segurança de Goiás, por concurso. Bacharel em Direito, UCG, Mestrado (incompleto) em Teoria Literária, UnB. Em 1993, por concurso, entrou no Tribunal de Justiça do DF, passando a morar no Distrito Federal. Concomitantemente, foi professor do ensino médio e universitário de História da Filosofia, de Redação, de Direito e Legislação e de Teoria Literária. Seu livro de poemas “Chamados da Chuva e da Memória” ganhou o prêmio da Funarte de Criação Literária e o prêmio “il convívio”, na Itália (1º lugar). Seu romance “Suposta biografia do poeta da morte”, ganhou os prêmios: Hugo de Carvalho Ramos, 2008 (1º lugar), Prêmio Jabuti, 2011 (finalista), prêmio “il convívio”, na Itália (1º lugar). Tem 20 livros publicados e ganhou mais de 300 (trezentos) prêmios. Participa de mais de 100 antologias e obras coletivas no Brasil e no exterior. Cocriador das revistas O artesão, Rotina, Flor & sol e Linhas & Letras e dos jornais Tempoesia, Jornal de Poesia e Artefatos. Tem poemas traduzidos para os idiomas: espanhol, francês, inglês, esperanto, galego, romeno, italiano, catalão, alemão, sueco, russo e hindi. Com publicações nos países: Rússia, Itália, Argentina, Portugal, França, Estados Unidos, Espanha, Romênia, México, Suécia, Vietnã, Índia e Venezuela.

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