RELATO DE UM NÁUFRAGO, DE GARCÍA MARQUEZ
RELATO DE UM NÁUFRAGO, DE GARCÍA MARQUEZ
Por Elias Antunes
Sei que a literatura, a mais das vezes, trata-se de uma contínua evocação de nosso gosto pessoal.
Confesso que não colocaria García Marquez como o melhor autor latino-americano. À frente dele poria: Jorge Luís Borges, Ernesto Sábato, Júlio Cortazar e Vargas Llosa, mas confesso também que li um livro de autoria do escritor colombiano e Prêmio Nobel de Literatura que me fez reconhecer todo o poder de um mestre da narrativa.
O livro “Relato de um náufrago” que anda entre a reportagem e a literatura ao que se convencionou chamar de jornalismo literário, conta a história de Luís Alexandre Velasco, marinheiro que caiu no mar, juntamente com mais 7 tripulantes de um destroier.
Velasco conta pela pena de Marquez como sobreviveu durante 10 dias no mar, enfrentando sede, fome, frio e o sol escaldante.
Trata-se de um livro excepcional, cheio de lances, pensamentos, dúvidas, fraquezas e forças de um homem sozinho, vencendo a todos os percalços, sem vislumbrar uma saída.
Nesse texto, como o diário de um sobrevivente, García Marquez consegue transmitir todas as dores e dúvidas vividas pelo marinheiro e sua solidão mortal no meio do mar imenso.
O mar talvez seja uma das forças mais indomáveis da natureza, aquela que tem inspirado e gerado tantas histórias incríveis.
A tensão aumenta quando se sabe que não se trata de ficção, porém de algo real que aconteceu com Velasco.
O texto flui a partir da perspectiva do sobrevivente, imaginando que a qualquer momento poderia perecer, deixar de existir, inclusive devorado por tubarões.
A proximidade da morte, para quem viu seus companheiros morrerem, aumenta cada vez mais suas angústias, ao ponto de se entregar à sorte nas águas profundas do mar.
Narrativa tensa, porém genial.
Fonte da imagem: Foto do autor.