Renato Amaral

Crônica Caminho que não faremos mais…

Imagem de Magdalena Maier por Pixabay

 

Ontem tive um sonho maravilhoso que me trouxe inúmeras reflexões e também uma torrente nostálgica a reboque.

No sonho eu percorria algumas ruas com o uniforme escolar, acompanhado de alguns amigos voltando para o lar após a aula. Assim que acordei uma onda de saudade adentrou lancinante em meu peito. Apesar de ter sido uma sensação deliciosa retornar àquela época, a lembrança me fez passar o dia inteiro rememorando momentos, que apesar de serem bons vivificam uma parte da vida em que pude ter o amor dos meus avós e estar na presença deles, que não há dinheiro no mundo que pague.

Lembrei-me com carinho das ruas e ladeiras do charmoso bairro de Santa Tereza, no Rio de janeiro, onde pude iniciar minhas primeiras aventuras em ir e voltar sozinho da escola, sem a companhia de um adulto. Pra mim, uma época romântica onde minha visão do mundo não era embasada pelas coisas de adulto. Mais adiante veio a adolescência sendo vivida pelas ruas do bairro de Icaraí, em Niterói. Nessa época as amizades e primeiras paixões cresciam na mesma medida que as espinhas no rosto. Um mundo de descobertas se descortinavam diante dos meus olhos. E por fim, já entrando no antigo 2° grau tive a felicidade de viver minhas idas e vindas pelas ruas pacatas e acolhedoras da cidade de Paraíba do Sul. Raríssimas vezes desacompanhado, pois sempre estava cercado de amigos. Nunca me esqueci de uma parte do percurso até o Colégio Monsenhor Francisco, em que eu passava pelo bairro do Lava-pés e sentia o aroma inebriante de flores de Dama da Noite. Provavelmente eu jamais me esqueça disso tudo enquanto eu viver.

Esses momentos são nossos e fazem parte de um período de nossas vidas em que estávamos em franca modificação em todos os sentidos.  Tudo que vimos naqueles trajetos, às arvores, às casas que passávamos cheias de vida, os namoricos, as mãos dadas, os abraços e até os beijos furtivos e rápidos estão guardados conosco. Os sons, cores, cheiros e sabores se tornaram inesquecíveis. Impossível não aguçar os sentidos. Recordar as amizades sinceras que prometiam durar a vida inteira, mas que os caminhos diferentes fizeram com que nunca mais nos encontrássemos. Como era bom chegar em casa e encontrar pessoas queridas que já não estão mais nessa vida conosco.

Hoje só posso lembrar com carinho e saudade de tudo isso e agradecer a Deus por tantas passagens boas. Assim como tive esse sonho que deixou meu coração em júbilo espero que ao fim dessa leitura você que está lendo tenha recordado também do seu momento e esteja palpitando felicidade.

 

Dedico essa crônica ao meu avô Euthymio e minha avó Lamyra por todo amor e dedicação!

 

Nota do autor: Quando escrevi essa crônica me emocionei tanto com as recordações que precisei parar de escrever, salvar o trabalho, fechar o computador e retornar depois para o término.

 

Por Renatto D’Euthymio

Instagram: @renattodeuthymio

 

 

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Renatto D'Euthymio

Renatto D'Euthymio, carioca de Santa Tereza, dividindo residência entre São Gonçalo - RJ e a pacata e inspiradora, São José do Calçado no Estado do Espírito Santo. Estudante Rosacruz, técnico em Radiologia, flamenguista fanático e apaixonado pelas filhas Rannya e Rayanne. Cultiva desde criança uma paixão pelos livros e seus gênios. Autor do livro de poemas Solilóquio Antes e Depois da Forca (2020) e do livro de humor O Tabloide Jocoso (2021). Premiado em dezenas de concursos literários (Poesia, Crônica, Conto e Microconto), e publicado em Antologias e Coletâneas. É tão ligado à Literatura que de vez em quando não se contém e atreve-se a rabiscar algumas linhas.

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Um Comentário

  1. Texto emocionante! Há muitas ruas, pessoas, tantas coisas que passaram por nossas vidas e não passarão novamente. Mesmo as ruas que atravessamos nos dias de hoje, mesmo as pessoas que estão presentes hoje não são as mesmas de uma hora atrás. Alguma coisa mudou, alguma coisa tá mudando. Costumo dizer que escrever é testemunhar o tempo. É bom ler os seus textos!

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