Próximo, por Alexandre Senna
*Este texto é uma contribuição do cronista Alexandre Senna
Um lugar de muitas árvores, não consigo andar rápido, a visibilidade está prejudicada. Só enxergo o branco. Onde estou? Confesso, tenho medo. Preciso chegar em algum lugar, onde estou? Tudo tão alvo, haveria lá no final a figura de alguém? Estou me aproximando, esse alguém não se mexe, só observa. Inegável reconhecer, sinto-me amedrontado. Realmente, não se mexe, ele não se move, parece estar me aguardando — e o pressentimento estranho. No final tudo também é branco.
Eu permaneço caminhando. Onde esse alguém se encontra? Vislumbro um lugar. A caminhada é longa, meus passos a cada minuto mais lentos. Reconheço ser longe mas provocador, entretanto, o espaço evidencia calmaria. Tenho medo, receio de não alcançar lugar algum. Onde busco esse alguém? Para onde migrou? Será que só eu transito por aqui e essa figura é alucinação? Tenho medo. Tudo está tão claro! Agora começo a escutar, de fato surge certo som familiar. Provavelmente o som marítimo ou de riacho. Muitíssimo calmo. Caminho, mas para onde? Não posso parar, não devo dar ouvidos ao receio causador da paralisia. Irei, continuo, pois encontrarei esse lugar, será? Onde está esse lugar? Não estacando a caminhada, cheguei.
Pronto, cá estou. Que lugar é esse? É tão imenso e iluminado, surge-me de súbito vontade de dançar, a alegria é tanta! Inevitável, princípio de dança em sinal de comemoração. Há mais gente, aglomeração alegre. Sensação contagiante. Engraçado, porque outros começam a fazer o mesmo. Inconscientemente gosto, reconheço. Imagens plenas de significado, me caem no agrado, e acordo.
Já agora desperto, reconheço, certamente eu passaria pela experiência de novo, só para alcançar o prazer que vem de dentro. Sentimento de triunfo. Bom, essa foi a história sonhada por mim.