Desabafos & DiscussõesLuiza Moura

A necessidade de ser aceito

A necessidade de ser aceito se manifesta em diversas situações do dia a dia e basicamente em todas as fases da nossa vida. Ultimamente as terapias que atuam com regressão de idade trazem relatos de que a aceitação é sentida pelo bebê ainda na vida intrauterina. Na infância essa necessidade de aceitação se acentua mais fortemente quando a criança é inserida no convívio com outras crianças, mais precisamente na vida escolar.

Na adolescência a necessidade de aceitação se traduz em uma grande busca de sentir-se parte de um grupo com características bem peculiares dessa fase da vida, pois é aqui que surge a busca da sua identidade, ou seja, da sua individuação fora do núcleo familiar. Quando adultos essa necessidade de aceitação se apresenta acentuadamente na vida profissional e na vida conjugal.

Acontece na terceira idade?

Com o avanço da idade a necessidade de aceitação ainda persiste e aqui observa-se fortemente a predominância no âmbito social, visto que na sociedade em que vivemos existe rejeição no mercado de trabalho para profissionais da terceira idade. Soma-se a essa rejeição a dificuldade de auto aceitação no que tange às mudanças no corpo físico e de cognição, características desse período da vida.

A necessidade de ser aceito pode ser considerada biológica, mas a forma como lidamos com ela é psíquica.

Ficar atento às emoções que regem essa necessidade é fundamental para perceber que comportamento está sendo programado a partir dessa emoção. Se tal comportamento gera sofrimento significa que existe um conflito por trás de tudo isso. Nesse contexto somos chamados à reflexão sobre a importância dos futuros papais e mamães de cuidarem das próprias emoções durante a gestação. Promover registros emocionais de aceitação nesse primeiro momento faz com que esse bebê se sinta aceito.

Quando devo me preocupar com a aceitação?

Não existe “receita de bolo” que ensine a lidar com esse sentimento, mas é possível observar como reagimos às diversas situações que se apresentam em nosso dia a dia. Há poucos dias atrás estava observando meu filho de sete anos brincando com três amigos e em algum momento ele começou a chorar e veio em minha direção, eu perguntei o que aconteceu, e ele disse: “Eles não querem mais ser meus amigos”. Imediatamente lembrei de uma experiência que vivi na infância e que me senti excluída de um grupo de amigas também. No meu caso eu fiquei de fora da brincadeira, olhava de longe com vontade de fazer parte, mas com vergonha de me aproximar. Foi aí que disse a ele: “Qual o problema filho? Você tem muitos amigos, e ainda terá muitos. Os amigos passam pela nossa vida, uns vão, uns ficam, e novos chegam sempre. Olha lá, eles estão te chamando. Vai lá se divertir.”  Claro que nem sempre é possível acompanhar todos os momentos em que o sentimento de rejeição se apresenta em nossos filhos, mas através de um papo com eles também é possível saber as marcas emocionais que as experiências têm deixado na mente deles.

Estudos mostram que as emoções são registradas pelos bebês desde a gestação.

Para a neurociência a partir da terceira semana de gestação já existe a capacidade do bebê de captar as emoções e a partir dessas emoções os caminhos neurais são criados. Se no momento que os pais tomarem conhecimento da chegada do bebê forem geradas emoções positivas, essas serão captadas por ele e a possibilidade de gerar um sujeito capaz de adaptar-se bem a todas as fases da sua vida serão muito mais prováveis. Por esse motivo é muito importante cuidarmos das nossas emoções principalmente quando o nosso corpo está gerando um bebê. E mesmo quando não estamos gerando outro ser, a nossa própria vida está sendo gerada em nós. Quantas vezes nos deparamos agindo como crianças querendo a aprovação dos pais? Tente lembrar de alguma situação que por algum momento você, já adulto, desejou ser aprovado e ouvir um sonoro: “Parabéns! Você foi selecionado!” Agora imagine aquele espermatozoide que venceu a corrida entre milhões de outros concorrentes para finalmente ter a chance de se transformar em um ser humano. Aqui temos o início da vida biológica e, inevitavelmente o início das demandas emocionais.

(Este texto é de Ana Paula Falcão, hipnoterapeuta, psicanalista em formação, administradora, pós-graduada em administração hospitalar, apaixonada pela mente humana e que acredita em sua capacidade imensurável. Instagram: @anafalcao.hipnose).

Participe também dessa coluna! Envie o seu texto (de desabafo ou reflexão) para o e-mail lmsn_91@hotmail.com ou entre em contato pelo instagram @luiza.moura.ef. A sua voz precisa ser ouvida! Juntos temos mais força! Um grande abraço e sintam-se desde já acolhidos!

Luiza Moura.

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Luiza Moura

Luiza Moura de Souza Azevedo é de Feira de Santana. Enfermeira. Psicanalista e Hipnoterapeuta. Perita Judicial. Mestre em Psicologia e Intervenções em Saúde. Doutora Honoris Causa em Educação. PhD em Saúde Mental - Honoris Causa - IIBMRT - UDSLA (USA); Doutora Honoris Causa em Literatura pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. Possui MBA em gestão de Pessoas e Liderança. Sexóloga; Especialista em Terapia de Casal: Abordagem Psicanalítica. Especialista em Saúde Pública. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Especialista em Perícias Forenses. Especialista em Enfermagem Forense. Compositora e Produtora Fonográfica. Com cursos de Francês e Inglês avançados e Espanhol intermediário. Imortal da Academia de Letras do Brasil/Suíça. Acadêmica do Núcleo de Letras e Artes de Buenos Aires. Membro da Luminescence- Academia Francesa de Artes, letras e Cultura. Membro da Literarte- Associação Internacional de Escritores e Artistas. Publicou os livros: “A pequena Flor-de-Lis, o Beija-flor e o imenso amarElo” e "A Arte de Amar. Instagram: @luiza.moura.ef

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