Verbos Anômalos
No princípio era o verbo…
Celso Cunha me ensinou algo mais ou menos assim:
– Verbos irregulares são verbos anômalos, aplica-se a última denominação a verbos como estar, haver, ser, ter, ir, vir e pôr, cujas profundas irregularidades não se enquadram em classificação alguma.
Caberiam bem num corpo vivo, amoroso, mas em tempos sombrios acabaram mutilados. Sangram uma arte da barbárie, que está a serviço da degradação do outro. Quando nada mais nos resta, a barbárie chega à arte.
Quantos verbos anômalos cabem num processo de desumanização?
E tudo foi projetado sob as luzes divinas.
Luzes, luzes, garotada!
Sê as margens freudianas do fracasso.
Sê a irascibilidade contemporânea.
Sê a regularidade do riso.
Crianças em fase de aquisição da linguagem reconhecem bem o perigo:
– Sesse uma única vez.
Mas quem era o princípio? Vocês estavam lá?
O homem deita no chão tranquilamente como quem ri das flechadas costumeiras, como quem já não perde tempo observando os atiradores.