Marcos Pereira

MANUAIS.

Crescemos e aprendemos que podemos fazer tudo através dos manuais. Há algum tempo, estes manuais eram físicos, mas hoje se você quer aprender através deles, é só dar um click que estará diante das soluções de qualquer obstáculo que venha a existir na sua nova aquisição. Porém, o único manual inexistente até hoje, seja ele físico ou online, é o manual do amor. O único tutorial existente, neste caso, é a sensibilidade de cada um.

Na realidade, o passo a passo dessa trajetória possui uma única vertente: a benção ou um perigo imprevisível capaz de acarretar sérios danos. Consequentemente, quem se propõe a amar deve ter a ciência de que estará expondo-se de corpo e alma, os quais ficarão vulneráveis a todo tipo de ações provenientes do seu relacionamento.

Infelizmente, a flecha do cupido nem sempre possui mão e contramão, assim os feridos não devem se abater, pois o amor não se cura com a morte, mas o sofrer é inevitável. Não adianta procurar os meios industriais para curar esta dor, e nem procurar os meios espirituais para saná-la.

Não temos um seguro de extensão e nem tão pouco uma central de atendimento para agendarmos uma visita de reposição de peças, ou até mesmo de solicitar a troca de mercadoria.

Os feridos de amor, desde que seja do sentimento verdadeiro, nunca poderão se comparar aos feridos dos conflitos armados, pois esses não são vítimas ou predadores, apenas foram atingidos por uma fecha perdida. Contrariamente, o indivíduo alvejado teve seu destino marcado e isso faz parte da vida, vida esta que sempre nos possibilitará um novo início, meio e fim.  

A dor do amor faz parte deste contexto e nunca devemos dizer que fomos traídos, enganados ou expostos a uma lógica sem resultados, porque tão sublime sentimento é o êxtase da vida. Quem dele desfruta irá entender, por fim, que viver não dispõe de manuais, mas que ter experiências é necessário para adquirir a liberdade do seu próprio eu.

Marcos Pereira

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