Spleen
Spleen
“Quando o céu plúmbeo e baixo pesa como tampa
Sobre o espírito exposto aos tédios e aos açoites,
E, ungindo toda a curva do horizonte, estampa
Um dia mais escuro e triste do que as noites.”
Charles Baudelaire
Desconfortante este caminhar
Por entre sombras e tristes agruras
Do passado, lembranças escuras
De ânsia terrível a me atormentar.
Vou pisando em cerâmica frienta
Rachada por raízes tão profundas,
Reminiscências, marcas oriundas
De uma realidade então cinzenta.
O sorriso distrai. Emoção falsa
Que disfarsa o que se quer esconder:
Um sentimento sem nenhum prazer,
Uma descompassada e triste valsa.
E os olhos vivem sem brilho, difusos,
Vendo os retalhos que por lá sobraram
Das carícias antigas que alentaram
Sonhos fartos de amor, dóceis… reclusos.
O céu é uma flor cinza morrendo
Com pétalas caíndo sem fulgor,
Assim como meu peito, em dissabor,
Em ébrias ilusões esvaecendo…
Ezequiel Alcântara Soares
__________________________________________________
Gostou? Então, siga e compartilhe nossas redes sociais.
Instagram: @revistaentrepoetas / @ezequiel_alcantara28
Facebook: facebook.com/revistaentrepoetasepoesias / facebook.com/ezequiel.alcantara.142