João Rodrigues

19 de novembro – Dia do Cordelista

Hoje, 19 de novembro, é celebrado o Dia do Cordelista. A razão desta data é porque hoje também é comemorado o nascimento de Leandro Gomes de Barros (*19.11.1865 – +04.03.1918), cordelista paraibano considerado o “Pai do Cordel”.
A Literatura de Cordel é muito popular no Nordeste, especialmente no Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Na verdade, já conseguiu seu espaço praticamente em todo o país. Afinal, há nordestinos em todo o Brasil, que, por onde passam, levam sua cultura, assim como todos os povos.
A Literatura de Cordel chegou aqui com os colonizadores portugueses e fincou raízes na Bahia – onde o Brasil nasceu – e logo se estendeu por todo o território nordestino. A princípio foi uma literatura oral, pois não havia gráfica, e seus poetas surgiram por volta de 1750, cantando bravuras, sagas, religiosidade e tantos outros temas regionais. O sertão foi seu espaço mais explorado, e cantou o vaqueiro, Padim Ciço, Lampião, seca e inverno, lutas, gracejos, política…
Com o tempo, seus autores, chamados de cordelistas, passaram a abordar todos os tipos de assunto, dependia do conhecimento e da informação que cada cordelista detinha. Considerado professor e jornal do sertão, o cordel faz parte da riquíssima cultura nordestina e encanta homens letrados ou não, crianças, jovens e adultos.

Mas nossa Literatura ainda precisa ser mais respeitada!

Mas como meu intuito aqui não é me aprofundar sobre a Literatura de Cordel, mas sim registrar esta data, eis algumas estrofes sobre o que é ser cordelista:

Cordelista

Para se fazer cordel
Não basta um verso fazer
Nem qualquer coisa escrever
Numa folha de papel
Não basta falar do fel
Que é a terra rachada
Nem falar de enxurrada
De sertão ou de fartura
Pois nossa literatura
Precisa ser respeitada.

Na basta falar de inverno
De Padim Ciço Romão
De vaqueiro, Lampião
De santo, céu ou inferno
Ou dum assunto moderno…
Falar de guerra passada
Caipora, alma penada
De paixão ou de bravura
Pois nossa literatura
Precisa ser respeitada.

Dê um olhar caprichado
Antes da publicação
Tem métrica, rima, oração?
O causo tá bem contado?
Tem verso de pé quebrado?
Tem estrofe bem rimada?…
Por fim, dê aquela olhada
Como quem um doce apura
Pois nossa literatura
Precisa ser respeitada.

É preciso ser artista
Pra fazer cordel perfeito
Não basta bater no peito
E dizer: “Sou cordelista”!
É preciso que invista
Numa escrita refinada
Na estória bem narrada
De excelente estrutura
Pois nossa literatura
Precisa ser respeitada.

João Rodrigues

 

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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