Luis Amorim

A senhora do giz

A senhora do giz

Escapando por um triz
À senhora do giz
Que tinha aquela infeliz
Ocupação de surpresa
Onde tirava defesa
A quem só escrevia
No suporte que referia
Os malefícios tantos
Pontuando todos os cantos
Mas nada preparados
A quem nos visíveis prantos
Tinha suportes desfasados
Para dar por contornadas
Em quantificáveis admiradas
As inúmeras contrariedades
Postas nas seriedades
Desafiantes às sociedades
E eram por quantidades
Desconhecidas naqueles lados
Menos nos controlados
Pela senhora do giz irritado
Na maioria do enfrentado
Escrito conteúdo visado.
Mas nessa ocasião
Da concreta intenção
Pela senhora no rompante
Entrando como desafiante
Pela censura motivante
E mais acrescento dito
Que só ela ao quesito
Saberia responder certo
Estava o reduto deserto
Pois que afinal, nem perto
Estaríamos por concreto
Pelo menos no directo
Querer mais correcto.
A senhora do giz pontual
Para não dizer existencial
De sua parte nominal
Chegara bem atrasada
Para fuga respirada
Até outra recepcionada
Acolhedora efeminada
Para escrita autorizada
Ainda que localizada
Como apenas disfarçada
E para alguns apenas destinada.
Ficara realmente encantada
Ao receber no seu discreto
Esconderijo talvez secreto
A equipa da interventiva
Escrita quiçá preventiva
De outras nobres posições
Nas constantes oposições
E na certeza de serem lições
Às incautas disposições
Por vezes tão puras
Como demasiado ingénuas
Redigindo às escuras
Ou caminhando nuas
Para impiedosas censuras
Que nada perdoavam
E pelo tudo atordoavam.
Nova fuga na rapidez
Que escapou à nitidez
De senhora apontando
O giz ali esbracejando
Pois depressa apercebeu-se
De quem escondeu-se
Atrás de escuros arbustos
Com presença de sustos
Cada vez mais próximos
Minutos que seriam últimos
Na certeza aproximando
Perante senhora clamando
Por reforço distanciado
Mas que seria disponibilizado
Esperava por contabilizado
Rapidamente em diminuto
Tempo de agir no bruto
Se nada desse refuto
Para respirado conduto
O nosso pelo estudo
De saída enfim por astuto
Como unido grupo
Todo ele sempre mudo
Perante qualquer apupo.
Mas ela nada respondeu
Porque incerto percebeu
Ou talvez por cansada
Nos ter dado pacificada
Trégua democratizada.
Mas assim não sucedia
Enquanto se fugia
Com os papéis voando
De mão passando
Para outra caminhando
Ao mesmo tempo
Que havia contratempo
Na senhora refilando
Enquanto ia apontando
Na direcção nossa
O giz que falhou coça
Na pele a salvo, talvez
A própria fugindo na vez
Tão repetida nesse mês
À medida que parada
Ela aguardava chegada
Dos reforços demorados
Para nossos suspirados
Correres transpirados
Até esconderijo novo
Que não fosse estorvo
Ao colectivo dever
Por nós bem sentido
Como sendo a valer
Para o que iria redigido
Ser no mais preferido
Intervencionar escrito
Em jeito de urgente grito
Para a desejada via
Da necessária democracia.

Fonte da imagem: Foto do Autor

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Luís Amorim

Luís Amorim, natural de Oeiras, Portugal, escreve poesia e prosa desde 2005. Tem já escritas cerca de 2800 histórias com 106 livros de ficção publicados, entre os quais, um primeiro em inglês, "Cinema I", onde responde por 28 heterónimos (em prosa e poesia). Dos livros em prosa, tem vinte e oito da série “Contos”, “Terra Ausente”, “A Chegada do Papa” e dois livros de “Pensamentos”. Na poesia, igualmente diversas séries de livros têm alguns volumes, como “Mulheres”, “Tele-visões”, “Almas”, “Sombras”, “Sonhos”, “Fantasias”, “Senhoras” e o herói juvenil “Esquilo-branco”. Todos estas obras de poesia citadas, integram os designados contos poéticos, assim identificados pelo autor, aos quais se acrescentam “Lendas”, “Campeões”, “Músicas”, “Turismo”, “Palavras”, "Flores", “27 Flores”, “Todas as Flores” e mais outros sete do universo “Flores”, onde este elemento surge em todos os enredos, como por exemplo “A ceia do bispo e outros contos poéticos”. A escrita também foi posta em narrativas poéticas, “Beatriz” (inspirada na personagem de "A Divina Comédia" de Dante Alighieri), “Paz”, “O Viajante”, “O Sino”, “A Sereia” e “O Mapa”, este com 3016 versos. Ainda a registar em poesia, “Refrões”, “Sonetos”, “Trovas” e quatro volumes de “Canções”. Dois livros foram publicados segunda vez, então com ilustrações de Paulo Pinto (“Almas”) e Liliana Maia (“Fantasias”). Luís Amorim foi seleccionado por 312 vezes com contos e poemas seus em concursos literários para antologias em livros, revistas e jornais em Portugal, Brasil, Suíça, Colômbia, EUA, Inglaterra e Bangladesh. É colunista da revista “Entre Poetas & Poesias” a partir de 2022 e integrante desde 2021 do Coletivo “Maldohorror”, onde histórias suas são publicadas em ambos os sítios, com regularidade. Tem igualmente publicados 32 livros de Desporto (Automobilismo, Hipismo, Futebol, Vela, Motociclismo) e 4 de Fotografia, o que somando aos 106 de ficção, perfaz um total de 142 livros publicados.

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