Desabafos & DiscussõesLuiza Moura

Medo

Lembrar dessa palavra causa-nos um arrepio na espinha. Porém, este companheiro ingrato e silencioso caminha conosco desde nossa mais tenra idade, tão próximo quanto a alegria ou a tristeza. Ainda bebês, choramos por medo da fome, da solidão, do escuro e do desconhecido. Já adultos, perdemos alguns medos, mantemos outros e criamos novos. O medo da violência, dos assaltos, da não-aceitação, do desemprego, da perda do celular, das baratas e ratos, e das criaturas lovecraftianas. Mas o medo não é uma exclusividade. Não é algo racional, nem tampouco, apenas humano. Toda criatura sente, em algum grau, sua dose de medo. O que nos diferencia dos animais  é a maneira como reagimos ao medo.

“Tens medo de ser na própria ação e no valor o mesmo que és em teu desejo?“ —  William Shakespeare

Terrores visíveis e invisíveis

O medo está intimamente ligado à sobrevivência do gênero humano na Terra. Foi o medo do frio que levou-nos a nos cobrirmos. O dos animais selvagens, a morarmos em cavernas. O fogo foi uma arma contra o medo por muito tempo. As guerras, no decorrer de nossa existência, serviram para que lutássemos contra os mais diversos medos. E criássemos horrores ainda maiores. O século XXI trouxe-nos, juntamente com as novas tecnologias, a inteligência artificial e a internet (e, por conseguinte, as redes sociais) e apresentou-nos as fobias e medos líquidos e abstratos das não-curtidas, das fake news e daquilo que se esgueira na deepweb.

“Hoje, o medo da exposição foi abafado pela alegria de ser notado. Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente”. – Zygmunt Bauman

Você tem medo de quê?

A verdade é que o medo deixa-nos alertas, e, como diria Albert Hitchcock, gostamos de sentir medo. “Para cada pessoa que busca o medo no sentido real, pessoal, há milhões que o procuram de forma indireta, no teatro e no cinema.”

Gostamos da mescla de medo nas montanhas-russas, e os cinemas estão repletos de pessoas para assistirem aos filmes de terror. Isso sem contar nos textos de terror (alguns de meus minicontos são uma prova!). É um medo seguro, sem consequências. O grande problema é quando este medo toma conta de nossos atos, ou melhor, da falta deles. Aquele medo que se torna fobia e pânico. Quando deixamo-nos dominar pelo medo, quando nos tornamos vítimas dele. A Grande sombra que cobre nossos atos, e nos faz parar, e até mesmo desistir antes mesmo de tentar. Então, chegamos ao ponto. O que fazer quando sentimos medo? A primeira coisa é sem dúvida, admitir. E se você acha que essa é a parte difícil, chegamos a segunda. Aceitar o medo. A terceira é entender o medo. Investigar o motivo de sua existência. Para, finalmente, enfrentá-lo. E engana-se aquele que acredita que grandes feitos são realizados quando não há medo. Na verdade, os atos de coragem ocorrem quando se coloca o próprio medo em xeque. Quando se usa o medo não como um motivo para desistir, mas como combustível para se continuar. E seguir em frente.

“#MINICONTO

Porão

Quando pequeno, escutava os sons vindos do porão, como garras a arranhar recantos de seu cérebro. Como se o chamassem. Prometera nunca descer lá.

Já adulto, a curiosidade pôde mais que o medo.

Desceu.

Não foi mais visto.

E os sons cessaram.”

(Esse texto é de Luciano Nascimento, que nasceu em 1977, em Niterói, Rio de Janeiro. Funcionário dos Correios e escritor. Péssimo para falar sobre si, formou-se em Letras, pela UFES, devido a paixão pela literatura. É também um aficionado pelo fantástico, pela ficção científica, pelo suspense e o terror. Possui alguns contos publicados na internet. E alguns em algumas antologias. Autor de “Crônicas Estelares: Livro de Memórias”. Atualmente posta MINICONTOS em seus perfis no Instagram, Facebook e Twitter. Reside com a esposa, Lena, e os filhos, Joaquim Henrique e Maria Valentina, no Espírito Santo. e-mail: lucianonreis@hotmail.com; Instagram: @lucianonreis; Twitter: @lucianonreis.

“Às vezes poucas palavras podem conter o universo. Fiat Lux!”)

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Luiza Moura.

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Luiza Moura

Luiza Moura de Souza Azevedo é de Feira de Santana. Enfermeira. Psicanalista e Hipnoterapeuta. Perita Judicial. Mestre em Psicologia e Intervenções em Saúde. Doutora Honoris Causa em Educação. PhD em Saúde Mental - Honoris Causa - IIBMRT - UDSLA (USA); Doutora Honoris Causa em Literatura pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. Possui MBA em gestão de Pessoas e Liderança. Sexóloga; Especialista em Terapia de Casal: Abordagem Psicanalítica. Especialista em Saúde Pública. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Especialista em Perícias Forenses. Especialista em Enfermagem Forense. Compositora e Produtora Fonográfica. Com cursos de Francês e Inglês avançados e Espanhol intermediário. Imortal da Academia de Letras do Brasil/Suíça. Acadêmica do Núcleo de Letras e Artes de Buenos Aires. Membro da Luminescence- Academia Francesa de Artes, letras e Cultura. Membro da Literarte- Associação Internacional de Escritores e Artistas. Publicou os livros: “A pequena Flor-de-Lis, o Beija-flor e o imenso amarElo” e "A Arte de Amar. Instagram: @luiza.moura.ef

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