João Rodrigues

Florão da América

Olha o mapa-mundi.
Volto meu olhar para a América.
Tão esplêndida! Tão cheia de si!
Desço meus olhos em direção ao Sul
E vejo o Florão da América deitado em berço esplêndido.

Quanto orgulho já tive de ti!
Quantas vezes te cantei!
Quantas vezes me envaideci de teus lindos campos!
Ele tinha mais flores;
Nossos bosques tinham mais vidas;
Em nossos seios, mais amores.

Hoje tenho pena de ti, ó Florão da América.
Teus bosques se foram quase tudo;
Tuas flores também.
E o amor?

Bom… quanto ao amor…
Este foi esmagado pela corrupção de seus governantes
E pelo descaso e ganância de seus filhos.

Teus verdes bosques se foram com o desmatamento;
Teus lindos campos viraram deserto…

Tudo o que conseguimos conquistar com braço forte
Estão nos tomando;
Estão destruindo…

Já não tens mais ordem – e o que teus filhos chamam de Progresso não passa de destruição.

E temo quem te adora a própria morte, Terra Adorada!
Temo sim, pois teus filhos estão fugindo à luta.
Já não há quem te proteja.

Hoje vou dormir um pouco mais tarde.
Vou olhar este Florão da América no mapa até mais tarde,
Pois amanhã ele poderá não mais existir.

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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