Ellen Lessa

Cara vida,

Fonte: Canva gratuito

Cara vida,

Hoje preciso derramar-me neste papel!

Estou exausta de tantas bocas falantes que fingem bondade, lançadas sem amparo para, no fim, vermos estes humanoides disfarçados, revestidos de cores brilhantes lançando dor, cordas que enroscam o ar e mentem nas coisas mais frívolas, alienadas, entaladas, como quem precisa desengasgar.

Ah, vida… Luto para livrar-me deste ódio imposto, que tristeza eu sinto…

Por vezes aceito não ter fim, afinal existe tranquilidade…? O louco e poderoso nirvana…? Resta vivermos o possível e sermos…uma mentira? Existe o viver em paz? Por favor, me diga?! Talvez eu adore uma utopia… Onde estes corpos e pensamentos encontraram carinho, transparência, a verdade linda, nua e crua. Ah…. Sou só eu, ou… É tão gostoso devanear a ilusão…? Tão distante quanto desejar que estes corpos e mentes joguem fora toda essa maldita sociedade que nos engana e nos torna superficiais, engolidas a seco, empurradas de língua em língua, por muito doce… Quando tudo some é AMARGA!

Me pergunto: existe esperança? Estanco meu sangrar mais vezes do que necessário. Até quando precisarei curar as feridas instaladas?

Suplico minha utopia! Onde todos enxergam-nos da forma mais sensata e respeitosa, humanos somos, continuamos a sangrar, sangraremos muito! Sangue que também escorre pelo olhos, sangue este que escorre pelos cortes em nossa frágil pele, sangue este que escorre por lugares que denominam sujo, pecaminoso, vulgar.

Não podemos fugir, somos sangue, lágrimas, gozo….

Não vou mentir, gostaria da escuridão da cegueira escolhida, há uma delícia em se ter ignorância, onde fugimos e mesmo assim estamos presos, só não notamos…

Oh, como escrevi… Não desejo me prolongar! Sinto tua falta, de ser minha amiga, do teu café que subtrai qualquer dor desta humanidade louca….

Estes pequenos gigantes criam o enredo, a dança do preconceito, o beijo da falsidade, a ignorância de mel e tempero de futilidades… E eu continuo feliz… Minha cara, esse é nosso destino? Delegar o pensar, ruir em dor e mentiras? Estou só, assim, longe de ti… Devaneio letras no papel, mas não funciona longe de quem amo… Você amou alguém hoje? De forma real, eu digo…

Vou tentar esse exercício… começar do princípio, me amar neste cruel globo, loucura não?!

Somos programados para cair…. e mesmo assim nos obrigamos a levantar e tocar os céus em meio a tanto ódio.

Me deixe bem! Com amor,

Ellen Lessa

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Ellen Lessa

Uma vez li uma frase da Clarice Lispector que me impactou: "Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever.". Como ser pensante me vejo escrevendo e poetisando até meu fim. Minha arte sempre estará viva, a poesia pulsa e carregarei com toda minha alegria essa dádiva. Então, muito prazer, sou Ellen, íntima, genuína e profunda. Bem vindos a uma parte de mim!

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4 Comentários

  1. Quem nunca teve que parar o dia a dia pra bater um papo com a vida? Se a gente só deixar as coisas nos pressionarem as costas pra barriga continuar levando tudo afrente, não estamos vivendo de verdade, nem sendo amados pela vida. Precisamos parar e encarar o que sabemos, pra seguirmos caminhando pro realmente importa, nem que o primeiro passo seja simplesmente comer um podrão por puro amor próprio.

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