Ellen Lessa

Era tudo meu

Era tudo meu

“Tudo o que amei, amei sozinho.”

Edgar Allan Poe

Era tudo meu, antes de esvair…
Como sinto falta de todo teu nada,
Mesmo pondo meu tudo a ruir!

Te amava tanto, mas tanto…
Entreguei-me lânguida e pura
Ao teu pecaminoso desencanto.

Foste tudo e ainda assim… pouco,
Mesmo havendo cartas à mesa.
Ser toda… desinteressava ao louco.

Implorei teus afetos de migalhas,
Andei só com maldita companhia…
Era tudo meu, e me sobejam muralhas.

Ellen Lessa

Instagram: @medusa.e.caos e @ellenn.mp3

Fonte da imagem: Canva gratuito

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Ellen Lessa

Uma vez li uma frase da Clarice Lispector que me impactou: "Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever.". Como ser pensante me vejo escrevendo e poetisando até meu fim. Minha arte sempre estará viva, a poesia pulsa e carregarei com toda minha alegria essa dádiva. Então, muito prazer, sou Ellen, íntima, genuína e profunda. Bem vindos a uma parte de mim!

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4 Comentários

  1. Gostei muito do último verso. Quando a gente sofre tanto depois de se entregar, depois de dar tanto murro em ponta de faca, sobejam muralhas na gente. E muito bom que seja uma rima posterior com “migalhas”. A oposição entre os dois termos também é significativa. Dentre tantas migalhas, resta-nos levantar nossas muralhas. Também acho digno de ressaltar como todo o amor que o eu lírico despende é, como ele reconhece, para um nada. Quantas vezes não damos tanto de nós, amando o amor que nós mesmos desempenhamos pro outro, em troca de nada, ou quando muito de migalhas. Gostei de como o poema trabalha essa infeliz dinâmica de muitos relacionamentos.

    1. A poesia é isso, derramar nosso eu lírico, derramar nosso eu… A arte nos salva deste mundo revirado e cruel.
      Obrigada pelo feedback, que bom que te tocou Gabriel! 🫶🏼

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