Ellen Lessa
Era tudo meu
Era tudo meu
“Tudo o que amei, amei sozinho.”
Edgar Allan Poe
Era tudo meu, antes de esvair…
Como sinto falta de todo teu nada,
Mesmo pondo meu tudo a ruir!
Te amava tanto, mas tanto…
Entreguei-me lânguida e pura
Ao teu pecaminoso desencanto.
Foste tudo e ainda assim… pouco,
Mesmo havendo cartas à mesa.
Ser toda… desinteressava ao louco.
Implorei teus afetos de migalhas,
Andei só com maldita companhia…
Era tudo meu, e me sobejam muralhas.
Ellen Lessa
Instagram: @medusa.e.caos e @ellenn.mp3
Fonte da imagem: Canva gratuito
Escreves como uma Diva 🥰😍
Esse elogio vindo de uma diva… Que privilégio! Obrigada! ❤️
Gostei muito do último verso. Quando a gente sofre tanto depois de se entregar, depois de dar tanto murro em ponta de faca, sobejam muralhas na gente. E muito bom que seja uma rima posterior com “migalhas”. A oposição entre os dois termos também é significativa. Dentre tantas migalhas, resta-nos levantar nossas muralhas. Também acho digno de ressaltar como todo o amor que o eu lírico despende é, como ele reconhece, para um nada. Quantas vezes não damos tanto de nós, amando o amor que nós mesmos desempenhamos pro outro, em troca de nada, ou quando muito de migalhas. Gostei de como o poema trabalha essa infeliz dinâmica de muitos relacionamentos.
A poesia é isso, derramar nosso eu lírico, derramar nosso eu… A arte nos salva deste mundo revirado e cruel.
Obrigada pelo feedback, que bom que te tocou Gabriel! 🫶🏼