Tarde de domingo de um feriado prolongado. Eu retornava de um breve passeio à Região dos Lagos. Que sensação maravilhosa voltar para casa. Por mais que uma pousada ofereça conforto, não é a mesma coisa de estar em seu próprio lar.
A viagem de ônibus, embora demorada devido ao engarrafamento, não foi tão cansativa. Porém, eu precisava caminhar um pouco. Assim que cheguei à Rodoviária Novo Rio, andei devagar entre as plataformas.
Não sei dizer ao certo se sou uma pessoa com tendência para detetive ou uma mera observadora. Mas não pude deixar de notar um rapaz que não estava aguardando sua condução, porque ele já havia mudado fila de embarque de ônibus com destinos completamente diferentes.
Não era um morador de rua, usava roupas e calçado de grife. Tampouco aparentava estar perdido, não olhava para as placas ou solicitava informações. Melhor não julgar! – pensei repreendendo a minha desconfiança.
Abri minha bolsa para pegar o meu celular. Quando levantei os olhos o tal moço olhava fixamente para minhas mãos. De imediato guardei tudo e fui para um outro local. Fiquei atrás de uma pilastra, onde ele não podia me ver. Naquele momento o cara, sem nenhum escrúpulo, pegou a bolsa de uma jovem senhora que brincava com sua filhinha sentada em um banco do corredor principal.
Estarrecida queria gritar, chamar a polícia ou um vigilante. Olhei ao redor e pude presenciar um homem que também testemunhou o roubo. Em uma ação quase cinematográfica, o senhor usou a própria mochila: girou no alto e jogou acertando a cabeça do meliante que caiu no chão e deixou a bolsa. Outras pessoas correram para bater no ladrão. contudo ele fugiu, atravessou a rua cambaleando entre os carros.
Mesmo com o celular na mão, não consegui filmar ou fotografar aquele ato de um herói desconhecido, tamanha minha perplexidade. Realmente tive a certeza de que super-heróis existem, mas, na maioria das vezes, são difíceis de registrá-los em ação!
Ivone Rosa
@profaivonerosa
ref.imagem:https://pixabay.com/pt/illustrations/lua-homens-%C3%A1rvore
