Giovanna Bayona

Minha Piscina

Eu morei numa casa com piscina quando eu era pré-adolescente, quando mudei para esta casa fiquei muito feliz, porque meu sonho era ter uma casa com piscina, logo essa alegria foi frustrada, pois a piscina não me dava pé e eu não sabia nadar. Eu até entraria naquela piscina, ficaria na entrada dela ou segurando na escadinha pra não afundar, mas aquilo pra mim não era nada divertido. No dia da mudança já entrei nela com a ajuda de um flutuador, o famoso espaguete de piscina e assim fui pegando coragem de explorar mesmo sendo funda para mim.

Praticamente um mês depois desse dia eu já tinha aprendido a nadar, o desespero de não conseguir aproveitar aquela piscina no seu máximo foi maior que meu medo. Aprendi a me sustentar no fundo, nadava aquela piscina toda, amava mergulhar profundo até colocar minhas mãos no chão de azulejos dela. Me mudei daquela casa tem muitos anos, mas recentemente a piscina não sai da minha cabeça, deve ser porque me sinto dentro dela de novo, mas não de um jeito bom.

Dessa vez a piscina está mais funda, eu nem sei qual foi o motivo de ter entrado nela, mas estou lá, estou dando conta. Ainda estou nadando, ainda me sustento mesmo sem da pé, dou alguns mergulhos, nado mais e até boiei um pouco, mas já enjoei, não quero ficar mais ali dentro. Então, eu procuro a saída e ai tudo se complica, não tem escadinha, não tem saída pronta, tenho que sair da piscina sozinha com a força de meus braços.

Tento sair uma vez, não consigo.

Tento sair pela segunda vez, cheguei mais perto mas não foi o suficiente.

Tento a terceira vez, meus braços até tremem pela força que faço, mas não cheguei nem perto de tirar metade do meu corpo fora.

Cansada de tentar e também cansada de nadar eu boio, fico olhando por céu, pedindo para Deus que faça uma mágica, para que eu volte ser a mesma pessoa determinada que aprendeu a nadar na piscina funda, a mesma que fez do seu desespero sua coragem, que enfrentou o medo pra fazer algo que amava. Depois eu continuo nadando mesmo cansada na esperança de criar forças para finalmente sair dessa piscina, e quando tenho cãibras eu só seguro na borda rezando para minhas mãos não escorregarem dali.

Os dias nessa piscina já não estão mais ensolarados, nadar já se tornou pesado, mas continuo, porque tenho uma pontinha de esperança que vou conseguir sair daqui, e quando eu conseguir vou olhar para a cara de todos que duvidaram ou não me ajudaram, vou olhar meu reflexo no espelho e sentir orgulho de ter saído dessa piscina sozinha. Eu mesma me salvei, porque na realidade, no final das contas, é só a gente com a gente mesma.

Então finalmente vou sair dessa enorme piscina vazia, e vou encontrar minha vida, mas com outras experiências, onde o caminho seja mais leve. Uma vida ainda que não vivi, mas vou ter, e irei viver. Por enquanto estou aqui boiando, olhando pro céu, pedindo que as dores diminuam e a coragem aumente, ao mesmo tempo que descanso para mais voltas na piscina, pra estar finalmente pronta pra sair dela, melhor do que eu entrei.

 

Meu Instagram: @giovanna.bayona

Fontes:

Imagem Interna e Imagem destacada:

– Imagem de <a href=”https://pixabay.com/pt/users/pexels-2286921/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=1850709″>Pexels</a> por <a href=”https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=1850709″>Pixabay</a>

 

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Giovanna Bayona

Giovanna Bayona escreve desde dos 16 anos para se encontrar e entender seus sentimentos, porém só com 22 anos se reconheceu como escritora e começou a divulgar suas crônicas e algumas poesias nas redes sociais, o que abriu portas para alguns projetos literários como a participação no quadro Saideira (2020) e no Sarau das Mulheres (2021) ambos no Canal Literaweb no Youtube. Possui participações em duas antologias da Editora Psiu e também participou da primeira edição da Coletânea Palavra em Ação da Editora Jornal Alecrim (2021). Agora também colunista da Revista Entre Poetas & Poesias pretende continuar expandindo sua escrita para todos que assim com ela são apaixonados por palavras.

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