Renato Amaral

Crônica Viver e Morrer

Imagem Gratuita: Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay

 

A morte é um tapa na cara da existência, nos lembrando de nossa impotência diante do Criador e a urgência em aproveitar os preciosos segundos da nossa contagem regressiva. A morte é no que nos faz lembrar a nossa insignificância perante tudo, e que o tudo, diante da morte não vale nada. É o caso acabado e determinado. Cientificamente estudado e divinamente planejado. É a certeza do fim, mas que para os religiosos é o inicio de uma nova jornada. Em alguns casos parece uma brincadeira de mau gosto, mas para a Dona Morte, um trabalho como tantos. Mesmo que a todo tempo tentemos desviar ou ludibriar o momento derradeiro, ele chegará. Mais cedo ou mais tarde, mais jovem ou mais velho, no momento feliz ou triste, com dor ou dormindo, sofrendo ou em paz. Resignar-se talvez seja a melhor opção diante de nenhuma outra alternativa conhecida nesse quesito.

Quem sabe o grande mote disso tudo seja fazer bom uso desse intervalo, pois nada suplanta os momentos de felicidade gloriosa que tivemos. Por isso, viver pensando na morte já uma forma de morrer durante a vida. De forma imperativa faça tudo, mesmo que se arrependa posteriormente, esgote sorrisos e dê abraços inesquecíveis, pois quando a gadanha brilhar diante de vós será tarde para retroceder.

Nada é tão nosso quanto nossa existência, nossas ações e nossas atitudes, e ainda assim alguns não tomam posse da sua própria vida. Do seu presente único que é viver e manifestar felicidade. De forma que relegam a outros ou a possíveis situações algo que as façam viver. Perdem autonomia sobre si próprias e criam mecanismos que sirvam como combustíveis para a jornada, quando na verdade só precisamos do oxigênio, Simplesmente esperam pelo melhor momento para ser feliz, ou condicionam a algum acontecimento, sendo que somos sabedores desde o primeiro dia em que nascemos que o momento certo sempre é agora. Mesmo que não seja o momento ideal ou favorável. Chronos não irá pausar a vida para resolvermos as pendengas e depois despausar quando tudo estiver ótimo. Todo o resto é somente detalhes sem valor que dispensamos grande tempo e energia desnecessariamente. Cada segundinho importa. O escritor Guimarães Rosa, na obra “Grande Sertão Veredas” escreveu em inúmeras passagens, através do personagem Riobaldo, que “Viver é muito perigoso”. Por isso, se acautele, mas não se reprima ou se limite. Se há perigo, vá com perigo mesmo, só não deixe de ir, pois os ponteiros do relógio só giram para um lado.

Por Renatto D’Euthymio

Instagram: @renattodeuthymio    

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Renatto D'Euthymio

Renatto D'Euthymio, carioca de Santa Tereza, dividindo residência entre São Gonçalo - RJ e a pacata e inspiradora, São José do Calçado no Estado do Espírito Santo. Estudante Rosacruz, técnico em Radiologia, flamenguista fanático e apaixonado pelas filhas Rannya e Rayanne. Cultiva desde criança uma paixão pelos livros e seus gênios. Autor do livro de poemas Solilóquio Antes e Depois da Forca (2020) e do livro de humor O Tabloide Jocoso (2021). Premiado em dezenas de concursos literários (Poesia, Crônica, Conto e Microconto), e publicado em Antologias e Coletâneas. É tão ligado à Literatura que de vez em quando não se contém e atreve-se a rabiscar algumas linhas.

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