NOVES FORA: NADA
NOVES FORA: NADA
Por Elias Antunes
Ao lado de alguns grandes poetas da atualidade, Carlos Willian Leite tornou-se um dos nomes incontornáveis para se conhecer a alta poesia.
Em seu livro de poemas “Noves fora: nada”, consegue construir um dos melhores jogos de linguagem, onde se juntam musicalidade e ideias, nas possibilidades da palavra.
“meu corpo noves fora: nada
feito de sangue e cansaço feito
de tudo que existe
entre o escárnio e o abraço”
(LEITE, 2006, p. 25)
O que mais se apresenta nesta escrita delirante e atraente é a força e o entrecruzar das palavras.
“eu falo com o meu silêncio
feito de tédio e carbono
enquanto os exércitos marcham
pelas ruas do meu sono
não é parco
o sonho em que disperso
porque me reinvento a cada dia
nas esquinas desse verso”
(LEITE, 2006, p. 85)
O escritor é leitor onívoro e voraz, com o olhar crítico e clínico, assim Carlos Willian Leite alinhava as palavras, extraindo a sonoridade de suas pedras.
Reconhecer esse fluxo em busca da construção, magia e fôlego, traz-nos a sensação de que a poesia ainda é a melhor escolha.
Livro nota 10.
Fonte da imagem: Foto do autor.