Corpo Fronteiriço
Encontrei uma moça na rua.
Hoje, acordou com uma sensação de tranquilidade esquisita: o abandono do controle e da sensação de espera. Não sei exatamente do quê.
Eram 6:15.
A sequência de surpresa segue sobre o rompante inesperado do besouro na cama, que a inquietava. A personagem lembra da criança que na solidão adorava brincar com besouros. O da cama estava morto.
Inquieta-se, mas aceita o caminho.
Desapego às coisas sãs.
Sensação histórica ou pessoal?
(Há aqui alguma narrativa anterior, olhar do cronista?)
O corpo daquela mulher era disputado como um grande campo de terras num tabuleiro qualquer, como sempre, a disputa pelo poder. O planalto, entalhado por vales, valia a cena de todos os séculos da humanidade, a ferocidade era certa altivez acima dos limites do mar. O corpo fronteiriço, ignorante da biologia, que lhe impingia um comportamento resiliente, inventava um suéter útil no qual a lã a servia de espada. Um combatente de todas as guerras que o homem precisava enfrentar.
Ela não terminou,
Também não começou.
Imagino que esteja cansado. Além disso, a verdade é que não sei escrever versos. Caminho por narrativas tortas, como uma irmã para quem o ouvido só serve de imaginação aos seres desvalidos.
MAS
Quem me dera ser importante para uma flor,
Escorreria chuva faceira, petulante,
Com sorriso de dor. A nuvem cambaleante
Desfaleceria um pesadelo furta-cor.
Engano:
A primavera me gasta com o seu passamento.
Fonte da imagem: https://burst.shopify.com/photos/musical-and-rustic-domestic-objects-inside-a-caravan?q=musical-and-rustic-domestic-objects-inside-a-caravan.