Renato Amaral

Literatura: Paixão, sedução e desdém.

 

Imagem de Mystic Art Design por Pixabay

Eu não consigo me lembrar exatamente o momento em que me apaixonei pela literatura. O dia derradeiro em que eu fui fisgado por esse sentimento que une milhares de pessoas pelo planeta. Tal qual a picada da mosca Tsé-tsé que deixa a pessoa em sono abundante e letárgico, à literatura deixa o ser humano em pensamento crítico e reflexivo constante e com um coração apaixonado pelas letras. Dificilmente encontraremos um leitor mais ou menos. Não existe leitor de ocasião, o que pode acontecer é a pessoa estar passando pela transição de cidadão comum para cidadão leitor. Por mais que a pessoa leia poucos livros durante um ano, ainda assim é um ser que já foi picado pela mosca invisível que transmite essa paixão incurável.

A grande verdade é que à Literatura seduz impiedosamente. Dotada de ardor natural e inúmeros e pujantes motivos que vão desde uma boa recreação até uma viagem louca por uma distopia, torna-se quase impossível escapar de seus atrativos. Não há filme, cinema ou teatro que substitua um bom texto. Nada abole aquele hábito sutil e salutar de folhear páginas. E nem estou falando do maravilhoso e inebriante perfume dos livros, o qual sou viciado, para não parecer que estou apelando.

E onde entra o desdém nisso tudo? O desdém está somente naqueles que ainda não descobriram esse prazer. Infelizmente não conhecerá imenso prazer nessa vida, quem ainda não foi capaz de lançar-se em esquecimento nas páginas de um livro. Só desdenha da literatura o ser que em cegueira não conseguiu alcançar a sublime liberdade que é pensar sem interferências.

O meu compromisso como escritor é dar sequência a esse ato milenar contando causos, fazendo rimas e juntando letras para quem sabe, alguém se disponha a ler meus gatafunhos. No livro “O labirinto dos Espíritos”, do espanhol Carlos Ruiz Zafón que encerra a tetralogia do “Cemitério dos livros esquecidos” tem um diálogo que diz: “Cada livro, cada volume que você está vendo tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma de quem o leu e viveu e sonhou com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e fica mais forte.”

Por isso, tenho certeza que enquanto existir um livro meu circulando em algum lugar desse mundo e passando de mão em mão, minha alma estará também por aí e meu pensamento será imortal.

 

Por Renatto D’Euthymio

Instagram: @renattodeuthymio

E-mail:renattodeuthymio@gmail.com

 

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Renatto D'Euthymio

Renatto D'Euthymio, carioca de Santa Tereza, dividindo residência entre São Gonçalo - RJ e a pacata e inspiradora, São José do Calçado no Estado do Espírito Santo. Estudante Rosacruz, técnico em Radiologia, flamenguista fanático e apaixonado pelas filhas Rannya e Rayanne. Cultiva desde criança uma paixão pelos livros e seus gênios. Autor do livro de poemas Solilóquio Antes e Depois da Forca (2020) e do livro de humor O Tabloide Jocoso (2021). Premiado em dezenas de concursos literários (Poesia, Crônica, Conto e Microconto), e publicado em Antologias e Coletâneas. É tão ligado à Literatura que de vez em quando não se contém e atreve-se a rabiscar algumas linhas.

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2 Comentários

  1. Isso mesmo, Renato!
    A paixão pela literatura, a sedução por um bom livro, são sentimentos que se instalam no âmago de nossas almas.

    1. Com certeza, minha amiga!
      Desde sempre comungamos da mesma paixão pelos livros e pela literatura.
      Gratidão por sempre ler meus rabiscos!

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