PRÊMIO CAMÕES PARA ARMÉNIO VIEIRA
PRÊMIO CAMÕES PARA ARMÉNIO VIEIRA
Por Elias Antunes
A poesia continua sendo o paradoxo da qualidade x quantidade na leitura e na literatura.
Um dos bons exemplos deste fato está em Arménio Vieira, poeta e escritor de Cabo Verde, o qual arrebatou o Prêmio Camões, em 2009.
Pouco conhecido no Brasil, tem em seu livro “Poemas”, um de seus pontos altos.
Publicado pela África Editora, o livro contém poemas de protesto, versos populares e eruditos, confluindo diversos ritmos e fazendo alusões, inclusive, a autores brasileiros, como João Cabal de Melo Neto.
Sua poesia é de excelente nível, fazendo-se urgente sua leitura, como nos versos:
“Nos olhos
de certos cães
por vezes
aguarelas de ternura
quase humana
(até dói
não falarem)
Na face
de certos homens
tanta vez
um retrato
a plena luz
de cão perfeito
e feroz
(até espanto
não ladrarem)”
(VIEIRA, s/d, p. 31)
Por causa de seus textos contestadores, amargou dois anos de prisão, pela Polícia Política.
Isso não o fez desistir, pelo contrário, impulsionou-o a prosseguir produzindo poemas de muita importância dentro da criação em língua portuguesa.
Fonte da imagem: Foto do autor.