Pensei que eu estivesse curada, mas ainda não. Faz mais de cinco anos e todas às vezes que vejo ou ouço situações semelhantes, tenho as mesmas reações. Sempre os mesmos sonhos ruins.
Ao contrário do que possam imaginar, não sou uma pessoa depressiva ou melancólica. Penso que em tudo há uma razão para acontecer. Até mesmo com as grandes perdas, existem ensinamentos.
Precisamente neste final de semana tudo começou muito bem! A noite de sexta-feira foi agradabilíssima na companhia de uma mestra muito, muito querida: Suzana Vargas. Cada dia cresce mais minha admiração para com ela. Mulher incrível: escritora, poetisa, professora – já poderia ter se aposentado. Porém, escolheu continuar no exercício da profissão, ministrada com muito amor, e acima de tudo com um coração gigantesco! Conversamos bastante, mas não o suficiente para matar a saudade e discorrer com detalhes alguns temas atuais.
Assim foi o início do final de semana. Encerrando a noite, no último noticiário de um canal fechado, assisti às reportagens da semana e foi nesse momento que me coloquei em prova: não evitei olhar às cenas da tragédia na Alemanha. Julguei por ser um local distante, não me afetaria. Ledo engano, não aconteceu. Não na mesma noite. Essa madrugada de sábado, os mesmos pesadelos com enchente.
Em 2016 passei por problema com inundação. Morava naquela rua há mais de dez anos e nunca presenciei nada igual. Normalmente quem vive em área de risco sabe de como se proteger, tem um plano B, ou medidas para emergência. Quando aconteceu comigo, eu não esperava por algo assim! Já passavam das onze e meia da noite, e quando levantei da cama buscando os chinelos, imediatamente pisei na água. Perdi móveis, eletrodomésticos, roupas, calçados, CDs, livros… e fotografias. Todos possíveis de nova aquisição, exceto as fotografias. Por essas que mais chorei!
Retomo ao encontro com minha professora, foi pra lá de gratificante e ainda ganhei vários livros de presente. De fato, sou uma privilegiada! Sou eternamente grata a Deus por enviar esses anjos em minha jornada e acima de tudo ter guardado o bem mais precioso de todos os meus: A VIDA!
Com relação ao meu trauma, creio que dificilmente passará porque conheço a dor do outro. Espero assim como eu, que todos um dia[ de alguma forma] sejam recompensados!
Ivone Rosa
