Resultados Humanos

Os Resultados de se conquistar a Saúde Mental e Emocional

Por Altamir Lopes

Quem já não teve a sensação de estar perdido nos seus pensamentos e sentimentos e, por consequência, se perder em palavras e atitudes? Muito mais comum do que se possa imaginar, a perda – mesmo que momentânea – da saúde mental ou emocional gera um carrossel ou um “looping” que passeia pelo estresse, medo, raiva, desânimo, indiferença e muito outros sentimentos negativos que confundem e prostram o indivíduo, tornando-o ineficiente e ineficaz no seu trilhar.

Mas, por outro lado, quando conseguimos alcançar essa saúde em especial, parece que o mundo a nossa volta se transforma e os Resultados Humanos advindos dessa conquista são simplesmente espetaculares.

E para  trazer à luz os Resultados de se conquistar a Saúde Mental e Emocional, convidei a Psicóloga  Débora Alessandra. (Veja no final da matéria, os dados com a extensa carreira dela). Ela respondeu gentilmente às perguntas da nossa coluna e as suas respostas certamente poderão trazer uma reflexão que o leitor (ou alguém que o mesmo conheça) talvez esteja precisando exatamente nesse momento. Vamos à entrevista?

Entrevista com a Psicóloga Débora Alessandra

 

Coluna Resultados Humanos:  O que significa, realmente, ter saúde mental e emocional?

Débora: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. Para mim, além dos fatores acima mencionados, entendo que para reconhecermos que o indivíduo como alguém que possui saúde mental, precisamos nos perguntar se essa pessoa sabe administrar e organizar suas emoções, sentimentos e pensamentos diante dos embates cotidianos, conseguindo filtrar e canalizar de forma adequada e saudável as situações que envolvem a sua vida.

Coluna Resultados Humanos:  Levando em conta o que você falou, uma pessoa que possui saúde mental seria alguém que saberia administrar e organizar emoções, sentimentos e pensamentos, certo? Não seria, então, quase impossível encontrar pessoas que realmente possuam a tal saúde?

Débora: Sim. É quase impossível alcançar a saúde mental plena, assim como saúde física, espiritual e orgânica. É necessário a manutenção constante. É quase impossível, mas não é impossível. Esse é o grande desafio da vida. Buscar, tentar e encontrar equilíbrio! Esse é o ciclo constante da vida!

Coluna Resultados Humanos:  Como se pode conquistar ou conseguir esse tipo de saúde?

Débora: Para conquistar esse tipo de saúde, em primeiro lugar o indivíduo precisa se conhecer, conhecer seus limites, suas potencialidades, suas dificuldades, seus medos, angústias, traumas, para que a partir disso, possa compreender suas reações e conseguir lidar com elas. Sendo assim, não é um processo fácil, nem simples, necessita de dedicação de tempo para obter autoconhecimento, autoestima, autocuidado. Equilibrar os aspectos biopsicossociais, através de atividade física, lazer, espiritualidade, boa alimentação e socialização, alinhados ao autocuidado, também é um caminho para alcançar a saúde mental. Podemos desenvolver esses aspectos fazendo psicoterapia, ou alguma atividade terapêutica, ou algum esporte ou hobby que traga esse autoconhecimento.

Coluna Resultados Humanos:  Mas fazer tudo isso na busca da saúde mental vai custar tempo, dinheiro e principalmente motivação – ou seja – é necessário que a pessoa esteja consciente dessa necessidade e QUEIRA  conquistar a saúde mental, não é mesmo? E se ela já estiver consciente, pode significar que ela praticamente já possui saúde mental… Isso não seria um paradoxo?

Débora: Ter consciência, não significa alcançar, porque existem hábitos que ao longo da vida foram aprendidos, sendo necessário a desconstrução e ressignificação dos mesmos dentro da nossa dinâmica emocional. Aí está a importância da psicoterapia .  Por isso, somente ter consciência não basta, porque a consciência não tira nenhum indivíduo do ciclo vicioso das situações por ele vivenciada . Pode ter clareza do que precisa, mas não conseguir por diversos fatores emocionais ultrapassar para mudança de atitudes/ hábitos. É como uma pessoa que tem consciência que o cigarro faz mal, mas não consegue parar de fumar.

Coluna Resultados Humanos:  Se é possível que se pode conquistar a saúde mental e emocional, por que é tão difícil para as pessoas alcançá-las?

Débora: É difícil conquistar a saúde mental, porque geralmente as pessoas estão mais preocupadas em ter bens materiais, adquirir status e vivenciar o que vai acontecer ou o que já aconteceu, do que se preocuparem com o seu desenvolvimento pessoal interno, e do que viverem realmente o momento presente. Estão mais preocupadas em se destacar e virarem ícones da mídia, do que em auxiliar o próximo e crescer junto. Perdeu-se a proximidade, o olho no olho, o calor das mãos, para ver e se conectar com quem estar do outro lado das redes. Perdeu-se o amor próprio e o amor ao próximo. O momento presente deixou de existir para vivenciarmos o passado e o futuro.

Coluna Resultados Humanos: Concorda, então que a maioria das pessoas acabam seguindo esse caminho de conformismo e que isso acaba afetando os que querem a saúde mental? O que poderia ser feito? Se afastar dessas pessoas que não se importam com sua própria saúde mental?

Débora: Concordo que o conformismo é o caminho mais prático e rápido, mas infelizmente não é o melhor. Concordo que é difícil e que tudo impulsiona o indivíduo a desistir de alcançar saúde mental, mas acredito que no próprio trajeto para ir na direção da saúde mental, o indivíduo já consiga vivenciar os benefícios de tê-la e, é isso, que faz com que alguns indivíduos não desistam dessa jornada. O que fazer? Permanecer na direção do que é importante apesar dos atravessamentos e das dificuldades experimentadas. Estar mais próximo de pessoas que vibram nessa mesma direção, compreender que é um processo e não um fim em si, ter clareza da a importância da manutenção constante da saúde mental, buscando experiências que faça com que você sinta o prazer proporcionado pelos pequenos momentos de saúde mental. Isso fará com que você não desista e saiba do quão maravilhosos São os momentos que você pode desfrutar da saúde mental.

Coluna Resultados Humanos:  Qual influência que a sociedade moderna, cada vez mais tecnológica, tem exercido sobre a saúde mental das pessoas?

Débora: A influência que a sociedade moderna e tecnológica exerce sobre a saúde mental do indivíduo é muito grande, a de que todos estão sempre felizes, não existe falhas, se existirem precisam ser eliminadas e não transformadas ou utilizadas como aprendizado. Estimulam o ter dinheiro e status de forma fácil e rápida. Estimula a seguir modelos vazios de diversos aspectos, onde o objetivo é focado na ostentação, no ter coisa, valores materiais e não afetivos e emocionais. Não estou querendo dizer que a culpa da internet, mas sim do uso que nós temos feito dela e de como estamos estruturando nossas escolhas de vida a partir dela. Um estudo recente realizado pelo psicólogo Robert Sternberg, revela que a inveja é um dos principais motivos para navegação nas redes, causando angústia e depressão. Quando falta modelos familiares que façam a diferença na vida do indivíduo, para a construção de uma formação humana pautada em valores éticos e morais (respeito, compaixão, reciprocidade…), que se enxergue e olhe para o próximo com amorosidade. Quando a base familiar passa a ser somente punição, competição, superproteção, humilhação e conquistar bens materiais, fica quase impossível a criança e o adolescente, acreditarem em si, e se estruturar a partir das próprias experiências, pois o que o outro faz, sempre será melhor do que a si mesmo.

Coluna Resultados Humanos:  De que ou de quem seria a culpa dessas disfunções na saúde mental tão generalizadas? A sociedade ou o indivíduo?

Débora: Pergunto de volta a você: onde começa o indivíduo e onde começa a sociedade?

Coluna Resultados Humanos:  E, nesse ponto, entrego a pergunta ao leitor (e à sociedade) que está, ou estão, lendo essa entrevista (RS).

Coluna Resultados Humanos:  Agora a pergunta “de praxe” da nossa coluna: Quais foram os resultados na sua própria vida na conquista de saúde mental e emocional?

Débora: Como fui para Psicologia por amor, meu foco nunca foi ter muito dinheiro e status, mas sim desenvolver um trabalho de qualidade. Com isso, dentro da profissão somos levados a todo momento, realizarmos o autocuidado a partir da psicoterapia pessoal. Sendo assim, ao longo de 28 anos de formada, devo ter feito um total de 20 anos de psicoterapia no total. Com isso, poder manter uma vida de qualidade (boa alimentação, autocuidado e lazer), passaram a fazer parte da minha rotina. Sempre tive muita dificuldade de perder, sempre fui muito competitiva e me achava certa e enrijecida em alguns posicionamentos e opiniões e, por gostar muito do que faço, tive que aprender a me frear para não trabalhar em excesso. Isso foi um aprendizado e um trabalho interno grandioso, porque Minha muita inclinação para ser workholic, e consequentemente, vir a ter burnout, porque trabalhar me traz muita realização e prazer. Então, Minha tendência a trabalhar compulsivamente, não pelo dinheiro, mas porque sempre queria fazer mais e melhor. Para sair desse ciclo e aprender a lidar de forma saudável com os aspectos comportamentais anteriormente citados, precisei fazer a minha psicoterapia pessoal, praticar o Mindfulness, estar alinhada à minha forma de vivenciar a espiritualidade, estar mais em contato com a natureza e, com coisas que me conectam comigo. Esses fatores foram fundamentais para eu alcançar saúde mental. Meus familiares não têm tabus com a Psicologia e por isso, grande parte se tratam para também conquistarem esse equilíbrio. Hoje me sinto feliz, realizada, em paz, vivendo o momento presente e com foco no meu propósito de vida, que é permanecer levando conhecimento sobre Psicologia para outros profissionais e, favorecer que as pessoas possam ter autoconhecimento profundo para que assim, possam mudar seus ciclos doentios e desenvolver sua saúde mental. Precisamos entender que ter saúde mental, não é ter ausência de conflitos, ou problemas cotidianos, mas é saber lidar com eles de forma saudável. Sem explodir ou descarregar no próprio organismo ou nos outros as questões que ocorrem no dia a dia. O grande desafio, é como iremos lidar com as pessoas que nos xingam no trânsito, a outra que nos empurra na fila, a internet que está lenta, as doenças básicas que nos acometem, o desemprego e outros fatores presentes na nossa rotina que não temos como controlar. Esse é o grande desafio para entendermos se temos ou não saúde mental e, podermos fazer constantemente a manutenção dela.

“Precisamos entender que ter saúde mental não é ter ausência de conflitos, ou problemas cotidianos, mas é saber lidar com eles de forma saudável.” – Diz a Psicóloga Débora Alessandra

 

Coluna Resultados Humanos:  Muito obrigado, Débora! Suas colocações precisas e equilibradas já trazem, por si só o frescor característico dos resultados do que é realmente a Saúde Mental e Emocional e os Resultados na sua vida provam isso. (Fim da entrevista).

Qual Resultado queres para você?

 

O que você, amigo leitor, achou dessa matéria e dessa entrevista? Concordas com o poeta que dizia, “Mens sana in corpore sano” ? Sim, buscar a Saúde mental e emocional  é bem mais do que ter a cabeça no lugar… É encontrar o seu lugar na própria vida ao passo que cuidamos adequadamente do que é mais importante.

Muita saúde – mental, emocional e seja lá qual for – para todos vocês! E fiquem à vontade para comentar e compartilhar essa e quaisquer outras de nossas matérias!

 

Débora Alessandra é uma psicóloga apaixonada pelo que faz, ama a Psicologia e a capacidade que a sua profissão tem de despertar reflexões, pensamentos e sentimentos no indivíduo para que este possa cada vez mais, viver sua melhor versão diariamente. Tenho 51 anos, sou carioca, me formei quando estava com 23 anos, ou seja, sou psicóloga há 28 anos, tenho formação e licenciatura na área de Psicologia. Também sou mestre no ensino das ciências da saúde e do meio ambiente. Especialista em Psicomotricidade e Psicopedagogia. Formanda em Psicodrama, Instrutora de mindfulness funcional, professora universitária. Atuante no ambiente clínico, educacional e em qualidade de vida nas empresas. Sou fundadora, junto com uma psicomotricista, do projeto Elos de Aconchego que tem como objetivo resgatar o afeto e o vínculo entre as pessoas. Além disso, sou mãe, filha, tia, sobrinha, companheira e amiga. Amo viver com minha família, com meus amigos, com o meu companheiro e com os meus pets. Gosto de estar em contato com a natureza e estar próxima de pessoas que falem e façam coisas boas, divertidas e que desejam ver o crescimento do próximo. Tenho como objetivo de vida realizar tudo com amorosidade, gratidão, muita alegria e diversão. Com isso, vejo o meu trabalho alcançar as pessoas profundamente, pois conseguem perceber esses fatores presentes também na minha atuação profissional.

 

 

 

 

Créditos das imagens: Fotos autorais cedidas gentilmente pela entrevistada, do seu acervo pessoal.

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Altamir Lopes

- Graduado em Gestão de Negócios, MBA em Gestão de Recursos Humanos, Orientador Educacional e de Carreira, Licenciando em Pedagogia e Pós-graduando em Neuropsicopedagogia. - Desenhista, formado pelo SENAC RJ. - Terapeuta Integrativo, Formado em Reflexoterapia, Quiropraxia e outras técnicas holísticas. - Palestrante, Instrutor de cursos gerenciais e Técnicos. - Mas acima de tudo, um servo do Deus vivente Jeová, Pai, marido e ser humano reflexivo. Na coluna que leva o meu nome, vamos nos encontrar para refletir sobre a arte da gestão de pessoas e relacionamentos. Nos meus textos, pretendo levantar questões e reflexões sobre a sociedade humana e seus meandros paradoxais e especialmente, a relação que cada um tem consigo mesmo por meio de textos em verso, prosa, crônicas, contos etc. E também publicarei na coluna RH - Resultados Humanos, artigos que tratam dos Resultados da ação Humana na História. Entrevistas com pessoas que fizeram acontecer e reflexões profundas também farão parte dessa coluna. De vez em quando, em quaisquer dessas colunas, vou publicar uma charge ou caricatura autoral...Espero que gostem.

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