Pense em mim
Deixe-me tomar meu lugar
Relembre-se de mim
Exatamente como sou
Intensamente como sou
Dentro de meu interior, transparente
Relembre-se de mim
Ainda estou aqui
Pedindo suplicante por atenção e carinho
Mas um dia posso não mais aqui estar,
E a minha tristeza
É saber que nem assim
Tu irás relembrar-se de mim…
(Furor Letárgico da Alma 2009 – Michelle Carvalho)
Tenho ouvido muitas pessoas falarem sobre a solidão, sobre estarem reclusas e solitárias e estarem com um enorme peso na voz ao falarem sobre esse tema.
Mas pergunto-as, é uma solidão triste e nostálgica ou uma solidão de conhecimento e tranquilidade?
A solidão de reconhecimento pode causar um pesar, reconhecer o tempo que perdeu, reconhecer o quanto mudou ou o quanto não se lembra nem sequer do que deseja ou de quem realmente é.
É difícil descobrir sobre qual solidão está sendo falada ao coração e vivida no cotidiano.
Bem dizia Clarice Lispector: “Estou com saudade de mim, ando pouco recolhida. Vivo depressa… onde está eu?”
Eis a pergunta: “quem sou eu de verdade? Já me perdi nessa loucura toda? Já me perdi na correria toda que eu andava e agora que silenciei e desacelerei sinto-me nua? Quem sou eu nessa nova loucura que nos foi instalada?
Despimo-nos dos inúmeros afazeres fora de casa e buscamos incessantes tarefas internas para não olharmos pra dentro?
O silêncio da solidão faz pensar… seu pensamento te leva onde?
Nesta solidão e tranquilidade que a proteção de sua casa traz, ouça seu interior e se permita, reconheça que a felicidade realmente não tem preço e não é mero slogan de comercial.
A felicidade verdadeira está no que te cerca no momento, o que na verdade deveria te preencher a tempos, mas você não reparava pela ganancia de ter mais e mais no mundo lá fora.
Não é a multidão que nos retira da solidão e sim as poucas pessoas que nos amam e que temos confiança. Por isso escolhemos quem amamos para estar perto de nós nos momentos difíceis e nos quais sentimos medo.
Busque a si, reveja-se sem as amarras que lhe prendem ao mundo lá fora. Seja você! Relembre-se de quem você realmente é, dos seus gostos, das suas vontades, seus sonhos, seus desejos mais antigos não realizados e anseios nunca antes tentados.
Relembre-se das coisas boas de estar vivo, agradeça!
Deixe-se tomar seu lugar na sua própria vida!
Viva cada dia da melhor forma possível, permitindo-se fazer e habitar em si mesmo para que seja desentranhada toda forma mecânica de levar a vida como era antes.
Degluta o momento presente, busque seu equilíbrio, não tenha pressa e refaça-se diante desta solidão que o aperfeiçoa a relembrar-se do que bom há em você e no que lhe cerca de amor!
Michelle Carvalho
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