Erick BernardesHISTÓRIAS DE ARARIBOIA

Pé Pequeno: apelido jocoso e o grosso da cana

Série: Histórias de Arariboia

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Quem ouviu falar no bairro Pé Pequeno, em Niterói, já tentou decifrar a origem do nome, creio eu. No entanto, a explicação é menos complicada que a lenda anglo-saxã do monstro Pé Grande. Graças a Deus, nada de gigantes selvagens por aqui, já chega das mazelas ditas reais. Os estrangeiros preferem suas próprias ficções; nós nutrimos nosso cotidiano de histórias duras e alguma diversão de efeito terapêutico.

O caso é que o lugar Pé Pequeno deriva do apelido recebido pelo senhor Antonio José Pereira de Santa Rosa Júnior. Viu aí? Sapatos imensos. Alcunha marota. Em vez de “pezão”, o tom jocoso do diminutivo inventado pelos amigos revestiu melhor o chamamento brincalhão. Pé Pequeno, e assim o apelido pegou.  A história ilustra que esse senhor herdou grande parte da antiga fazenda homônima. Exato, propriedade importante de produção de cana-de-açúcar e derivados para os idos do século XVIII, donde a garapa escorria feito mel das cânulas quase industriais de lá. Aliás, caldo de cana que nada, chamavam o líquido doce de calimbá (ou calumbá). Não é à toa que uma das estradas mais famosas da época ficou registrada assim.

De acordo com o próprio site da prefeitura, a fazenda do senhor Antonio também foi vendida juntamente com “parte das terras situadas à esquerda da antiga estrada do Calimbá (atual Dr. Paulo Cézar), logo transformadas em chácaras. Com o passar do tempo, as chácaras do Pé Pequeno, que abrigavam famílias de nível econômico elevado e alguns dos nomes ilustres do município, foram revendidas e loteadas. Abriram-se novas ruas e foram construídas novas residências”.

Bem, uma visitinha apenas me fez sentir simpatia pelo bairro Pé Pequeno, que é considerado o menor de Niterói. Prédios gigantes a obstruírem a brisa e acortinarem a paisagem quase não existem por lá. Caldo de cana ainda se vê nas pastelarias locais. O jeito bucólico domina os arredores. Suas bem cuidadas construções ainda horizontais conquistaram meu coração. Quer conhecer? Dê um pulinho lá, assim que o claustro pandêmico passar. Até.

Referências:

Fonte: Niterói-Bairros – Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de Niterói – 1991

https://culturaniteroi.com.br/blog/?id=309&equ=ddpfan

https://www.dicio.com.br/calumba-2/

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Erick Bernardes

A mesmice e a previsibilidade cotidiana estão na contramão do prazer de viver. Acredito que a rotina do homem moderno é a causadora do tédio. Por isso, sugiro que façamos algo novo sempre que pudermos: é bom surpreendermos alguém ou até presentearmos a nós mesmos com a atitude inesperada da leitura descompromissada. Importa (ao meu ver) sentirmos o gosto de “ser”; pormos uma pitadinha de sabor literário no tempero da nossa existência. Que tal uma poesia, um conto ou um romance? É esse o meu propósito, o saber por meio do sabor de que a literatura é capaz proporcionar. Como professor, escritor e palestrante tenho me dedicado a divulgar a cultura e a arte. Sou Mestre em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e componho para a Revista Entre Poetas e Poesias — e cujo objetivo é disseminar a arte pelo Brasil. Escrevo para o Jornal Daki: a notícia que interessa, sob a proposta de resgatar a memória da cidade sob a forma de crônicas literárias recheadas de aspectos poéticos. Além disso, tenho me dedicado com afinco a palestrar nas escolas e eventos culturais sobre o meu livro Panapaná: contos sombrios e o livro Cambada: crônicas de papa-goiabas, cujos textos buscam recontar o passado recente de forma quase fabular, valendo-me da ótica do entretenimento ficcional. Mergulhe no universo da leitura, leia as muitas histórias curiosas e divertidas escritas especialmente para você. Para quem queira entrar em contato comigo: ergalharti@hotmail.com e site: https://escritorerick.weebly.com/ ou meu celular\whatsapp: 98571-9114.

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Um Comentário

  1. O texto Pé pequeno me faz recordar da pequena cidade de onde vim, as descrições são idênticas.

    Muito bom.meemo.

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