Cuidado com a “ilusão de óptica”
O mundo virtual está tão repleto de redes sociais que às vezes parece que as pessoas estão esquecendo a importância da manutenção dos contatos sociais fora dos aparelhos. O “Touch screen” não deve substituir o toque na pele. Mas infelizmente parece que essa possibilidade de se “recriar” em outro plano tem sido bastante atraente e muitas pessoas utilizam esse espaço como um “universo paralelo” intangível aos problemas. Nesta outra realidade todos têm os melhores corpos, rostos, empregos e relacionamentos. Lá todos são corajosos, felizes e imponentes. Lá se pode falar ou fazer qualquer coisa!
Óbvio que essa é, além de tudo, uma visão distorcida da física quântica. A ciência se ocupa do estudo de universos paralelos há muitos anos desde que Einstein revelou e defendeu em seus estudos que o tempo não é uma coisa etérea, mas sim um lugar onde o passado, o futuro e o presente habitam o mesmo espaço em variadas dimensões. Enfatizando, assim, que o nosso entendimento comum acerca do tempo é apenas uma mera ilusão. Hoje, já se tem várias teorias que trazem argumentos sobre esse assunto. O Físico quântico Hugh Everett, por exemplo, nos traz a hipótese de vivermos em um multiverso e não em um universo singular. Destarte, toda existência seria então composta por uma superposição quântica de um número provavelmente infinito de universos. Claro que trago uma visão absolutamente reduzida sobre a temática que inclusive é bem convidativa, pois, o meu objetivo aqui é apenas pedir “licença” à ciência para mostrar como a sociedade contemporânea, presa a uma necessidade desesperada de fuga, parece dividir o universo em pelo menos dois: um virtual e um “real”.
Justamente o que parece ser a “válvula de escape” rumo à libertação tem funcionado mais como elemento que limita e aprisiona. O que deveria funcionar como alternativa de sociabilização tem funcionado mais como ferramenta para um maior isolamento social. E a quem temos iludido mais senão a nós mesmos?
Para fugir dos traumas que nos perseguem desde a infância, buscamos criar arquétipos para nos servirem como guia dentro da dimensão digital, pois como fora citado acima, a imponência e a perfeição instiga à adoração. Entende-se aqui, portanto, que as barreiras do campo mental foram destruídas, pois, divergente aos escritores de ficção, poetas e artistas do passado, que mergulhados na dor, tédio e melancolia criavam cenários fantásticos, para habitarem espaços mentais, testemunhamos, hoje, que o universo em que mantém a “Internet” como deusa suprema, desbrava e sangra sem piedade o campo material.
A vida aqui fora pode e vai doer às vezes, mas ela vai oferecer prazeres e felicidades reais. Todos temos defeitos e qualidades e isso que nos torna tão humanos, também nos torna tão especiais! Talvez fosse mais interessante reduzir as fugas para irmos mais ao encontro de nós mesmos e do outro. Se retirássemos as capas e as armaduras, desnudaríamos mais a alma e poderíamos sentir o delicioso encontro com a pura humanidade. É preciso, por vezes, estar off-line.
(Esse texto é Luiza Moura de Souza Azevedo, uma aprendiz das coisas da vida. Instagram: @luiza.moura.ef)
Participe também dessa coluna! Envie o seu texto (de desabafo ou reflexão) para o email lmsn_91@hotmail.com ou entre em contato pelo instagram @luiza.moura.ef. A sua voz precisa ser ouvida! Juntos temos mais força! Um grande abraço e sintam-se desde já acolhidos!
Luiza Moura.