Literatura: Paixão, sedução e desdém.
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Eu não consigo me lembrar exatamente o momento em que me apaixonei pela literatura. O dia derradeiro em que eu fui fisgado por esse sentimento que une milhares de pessoas pelo planeta. Tal qual a picada da mosca Tsé-tsé que deixa a pessoa em sono abundante e letárgico, à literatura deixa o ser humano em pensamento crítico e reflexivo constante e com um coração apaixonado pelas letras. Dificilmente encontraremos um leitor mais ou menos. Não existe leitor de ocasião, o que pode acontecer é a pessoa estar passando pela transição de cidadão comum para cidadão leitor. Por mais que a pessoa leia poucos livros durante um ano, ainda assim é um ser que já foi picado pela mosca invisível que transmite essa paixão incurável.
A grande verdade é que à Literatura seduz impiedosamente. Dotada de ardor natural e inúmeros e pujantes motivos que vão desde uma boa recreação até uma viagem louca por uma distopia, torna-se quase impossível escapar de seus atrativos. Não há filme, cinema ou teatro que substitua um bom texto. Nada abole aquele hábito sutil e salutar de folhear páginas. E nem estou falando do maravilhoso e inebriante perfume dos livros, o qual sou viciado, para não parecer que estou apelando.
E onde entra o desdém nisso tudo? O desdém está somente naqueles que ainda não descobriram esse prazer. Infelizmente não conhecerá imenso prazer nessa vida, quem ainda não foi capaz de lançar-se em esquecimento nas páginas de um livro. Só desdenha da literatura o ser que em cegueira não conseguiu alcançar a sublime liberdade que é pensar sem interferências.
O meu compromisso como escritor é dar sequência a esse ato milenar contando causos, fazendo rimas e juntando letras para quem sabe, alguém se disponha a ler meus gatafunhos. No livro “O labirinto dos Espíritos”, do espanhol Carlos Ruiz Zafón que encerra a tetralogia do “Cemitério dos livros esquecidos” tem um diálogo que diz: “Cada livro, cada volume que você está vendo tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma de quem o leu e viveu e sonhou com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e fica mais forte.”
Por isso, tenho certeza que enquanto existir um livro meu circulando em algum lugar desse mundo e passando de mão em mão, minha alma estará também por aí e meu pensamento será imortal.
Por Renatto D’Euthymio
Instagram: @renattodeuthymio
E-mail:renattodeuthymio@gmail.com
Isso mesmo, Renato!
A paixão pela literatura, a sedução por um bom livro, são sentimentos que se instalam no âmago de nossas almas.
Com certeza, minha amiga!
Desde sempre comungamos da mesma paixão pelos livros e pela literatura.
Gratidão por sempre ler meus rabiscos!