Fala aí, Juventude! Crônica: “O pobre ser-humano/ O nojento ser-humano” – Daniel Carqueja
-Ah, o ser-humano, sinto tanta pena de seres como esses.
– Você sente pena?! Como pode sentir pena de um ser tão frio e sem amor, que mata outras espécies e a própria? Francamente, não acredito que sejam racionais.
-Tenha pena dos vivos, principalmente dos que sofrem. Por este motivo meu caro, que eu sinto pena desses seres, o amor deles sumiu, para sobreviver, têm que pisar um no outro, sinto pena disso
– Isso é culpa deles! Eles se esvaziaram do amor! Por culpa deles, o planeta Terra está morrendo, a própria espécie tem indivíduos em que todos possuem os luxos possíveis e outros nenhuma migalha para comer! Não duvido que irão ser extintos em breve.
-É a cultura deles, meu jovem, não sabem como cuidar do planeta, porém ainda há esperança.
-Qual esperança? Eles são vazios, não se importam com ninguém, a não ser eles com mesmos, a única coisa que restou nessas cascas vazias chamadas “humanos” é a fome de poder e soberba, sempre acham que são os donos do universo, acham que estão sozinhos nele.
-Essa esperança é o amor meu jovem, em poucos deles ainda há a chama do amor, e você sempre soube que a chama do amor alimenta a esperança, agora cabe a eles acenderem a o resto.
– De que adianta terem poucos, como você mesmo disse “em poucos deles há a chama do amor” e será impossível que acendam a chama dos outros. Francamente, ainda não me convenci que essa espécie se salve.
-Vejo que não conhece o poder do amor. É o que rege o mundo, ele é mais forte que qualquer diamante, é mais leve que qualquer pena, é mais lindo que a mais bela flor, bem mais contagiante que qualquer doença, mais doce que qualquer fruta, muda mais do que qualquer metamorfose, e é mais puro que a mais pura das águas.
-Eu conheço o poder do amor, meu caro, mas aquilo que você chama “amor” nesses seres é um falso amor, envolto em trevas e avareza, é algo impuro, nojento, triste. Esses seres se revelam a própria encarnação dos sentimentos ruins.
-No fundo todos têm sua chama dentro de si, meu jovem, é só aprender a liberá-la, vai ser difícil a eles liberar a chama, mas tenho cá minhas esperanças.
– Continuo cético quanto a isso. Bem, veremos quem estará certo no final.
– Veremos.
Daniel L. Carqueja possui o olhar aguçado para os dramas humanos, embora reconheça a sua pouca idade. Ele quer compartilhar a sua experiência por meio da escrita.