Emanuele Sloboda

Nequícia

Venha cá, sente-se ao meu lado. Esse lado. O direito. Venha cá, meu amor. Bem mais querido. Confesso, para você, apenas a você, o pecado. Confesso. Esteve em mim, e grandemente amado por mim, sem que seu pai estivesse atrelado a meu ser.  Você é o sujeito oculto.

Ele, ele – seu pai – um profanador. Eu, escarro, escória, imunda. Unida a um. Maldita, libertina, traidora – deste. Dele. Do acusador.
Venha cá, já lhe disse, grão pequetitito. Deste lado. O direito. O outro, onde há o coração, encontra-se perfurado de tanta dor.
Saudade de você, meu bem oculto.
Saudade de você. Venha cá, escondidinho.
  • Imagem em destaque: Autoral
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Emanuele Sloboda

Autora dos livros de poemas: Melindre, Anamnese e Indistinto.

Um Comentário

  1. Olá, Emanuele Sloboda!

    Acabei de ler o seu texto. O título é muito bom! O texto tem a virtude das palavras bem escolhidas! Gostei imenso!

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