Diário de um espectro chamado mãe – Um afeto recíproco
Ao contrário da crença popular, autistas têm sentimento e, sim!, eles se importam com os outros
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O afeto recíproco
Autistas são caracterizados, entre vários aspectos, como pessoas que não sentem emoções, ou não se importam com as pessoas.
Já discordei disto aqui em outros textos e vos digo novamente: Autistas sentem sim, porém de forma diferente.
Afinal, todos nós sentimos as coisas de forma diferente.
A dificuldade em socializa talvez leve ao conceito de que os atípicos “não ligam” para as pessoas. Como mãe atípica há 11 anos afirmo com certeza que o que é oferecido ao autista nos é retribuído. Nem sempre de forma imediata e as vezes de forma homeopática mas acontece.
Estávamos no processo de sono como todo dia o fazemos. Como também já descrito aqui neste diário, o Caio tem “paixão” por pés e sempre dorme com o rosto nos meus. Certa vez ele, por iniciativa própria, resolveu se virar para mim, atravessou o braço sobre meu corpo e deitou a cabeça no meu ombro.
Um ato simples, mas para mim demonstração linda de afeto pois sempre o abraço e ele prefere o pé. Eu sempre insisto em beijos e cheiros roubados e me volto para o outro lado empurrada por ele para lhe dar o pé. E desta vez ele mudou o protocolo com um abraço carinhoso.
Ficou por alguns minutos e depois virou novamente até finalmente dormir.
Então, caros leitores, o que seria a retribuição de afeto se não uma demonstração de sentimentos?
Bem, deixo a vocês as conclusões.
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Josileine Pessoa F Gonçalves
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Imagem do texto: Arquivo da autora
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