Ellen Lessa

Cilada

Cilada

vive de expectativas
eu sou o que preenche.
tu, vazio constante,
e eu mero residente.
que pena…
como ensinar a ser gente?
inteiro, mas és pequeno.

um vezes zero,
nulo, não tão raro,
seu coração escorre pelo ralo.
lidando com o raso,
eu, poeta, cheia,
tu, um ambulante fiasco.

vivendo de frascos
e o que sinto se torna asco.
vendedor de corações,
qual é o preço do meu amor?
qual é o preço do meu temor?
ah… se eu soubesse
que eras falso frescor.

nada como as marcas
do (falso) amor
às vezes certo,
às vezes um horror.
cilada, o nome,
e eu caio, para seu sabor.

anjo caído, ceifador,
sim, me amas,
porém a minha dor
nas amarras perco meu valor
e no peito aceito todo meu terror,
vivendo mais um dia
amando o tóxico autor.

oh, senhor
sei que me gritas “corre!”
mas no meu fim, quem será suporte?
sozinha, corre?
ou se entregará de vez
à amada morte?

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Fonte da imagem:

https://www.pexels.com/pt-br/foto/cranio-970517/
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Ellen Lessa

Uma vez li uma frase da Clarice Lispector que me impactou: "Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever.". Como ser pensante me vejo escrevendo e poetisando até meu fim. Minha arte sempre estará viva, a poesia pulsa e carregarei com toda minha alegria essa dádiva. Então, muito prazer, sou Ellen, íntima, genuína e profunda. Bem vindos a uma parte de mim!

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