O GRANDE RIO DA POESIA
O GRANDE RIO DA POESIA
Por Elias Antunes
Divino Damasceno, administrador de palavras, boiadeiro de poemas, vai tangendo seu gado[1]poesia, conduzindo o rebanho para o grande rio da literatura, para saciar a sede da beleza das palavras e das maravilhas que um poeta pode criar.
“Outros versos mais” inscreve definitivamente o nome do Divino Damasceno entre os melhores poetas de nossa língua. Não é por acaso que conquistou o prêmio Hugo de Carvalho Ramos, da União Brasileira de Escritores de Goiás.
A criação deste poeta excede em quantidade (são mais de 30 mil poemas!) e qualidade muito do que já se viu, todavia merece nosso apreço e reconhecimento pelo seu brilhante trabalho.
A atmosfera criada e vivida pelo poeta da cidade de Goiás, a qual já deu tantos nomes consagrados na literatura, como o próprio Hugo de Carvalho Ramos e, claro, Cora Coralina, faz com que tenhamos emoções tocantes, mas não são alumbramentos, pois sua arte não é ilusória. Direta, límpida, às vezes, toca no fundo de nosso ser.
Com a alma encharcada e o corpo inundado de poesia, Divino Damasceno levanta-se em defesa do homem simples, trabalhando a terra, do cerrado que encanta, 318 das vicissitudes e das vitórias, da chuva “caindo n’alma”, da ternura, do amor, das árvores com seus pássaros…
Dentro da dimensão da palavra viva, consegue encantar e encabular a quantos o leem. Sua poesia transcende o trivial, a despeito de empolgar pelos achados e descobertas, o jogo de palavras, dentro das possibilidades da criação poética.
O aparecimento deste livro constitui-se em um marco na literatura brasileira, porque reúne uma gama significativa da poesia de Divino Damasceno e emerge de uma grande obra do poeta de forma indelével.
Fonte da imagem: Foto do autor.