Suplemento Araçá – Vol.02 – nº03 – Set./2022 – Crônicas & Opiniões: “Quando a arte e a gestão se encontram” – Altamir Lopes

QUANDO A ARTE E A GESTÃO SE ENCONTRARAM
Altamir Lopes
(Texto em celebração ao Centenário da Arte Moderna)

Um pincel, um quadro, as tintas, o motivo e o artista.

Um lápis, um papel, a inspiração e o artista.

A massa, as mãos, as ferramentas, o objetivo…e o artista.

Assim foi a produção artística, especialmente a plástica, desde tempos idos.

Tudo o que o artista precisava gerir era somente o seu sentimento, seu talento e, a contento,

produzir a arte, que fazia parte de um todo completo, reto e com alma de afeto,

onde as ferramentas manuais, um pincel, um lápis, ou mais,

produziam o efeito pretendido, num gesto desprendido e destemido.

E os caminhos da imaginação resumiam a gestão da emoção do artista em ação,

Ante o quadro, ou mesmo a escultura, quem sabe uma bela pintura…

Pois sim…

Rimas e métricas à parte, pensar em Arte sem lirismo ou poesia é tanto quanto pensar em alimento sem sabor nem cheiro. Em suma, as primeiras linhas desse texto tão somente enfatizam que a Arte, por si própria e por conta de sua própria razão de ser, reflete na produção do artista tudo o que ele precisa gerir no momento criativo – Ele próprio, suas ferramentas e a própria Arte. Sim, a Arte é simples. É objetiva com subjetividade.

Mas aí vem o homem e suas inquietações e introduz na História de si próprio e do cerne de sua existência o que hoje conhecemos como a Arte Moderna.

Moderna…

Moderna por quê?

Outros incríveis e qualificados autores podem explanar e dissecar essa indagação com muito mais maestria do que esse modesto autor. Portanto, deixo a eles a missão, áurea e essencial, de explanar a definição de Arte Moderna. Aqui na Araçá você vai encontrar textos maravilhosos!

Limito aqui nesse pequeno texto, prezado leitor, em fazer alusão à relação intrínseca onde a Arte passou a se denominar “Moderna”, mas não necessariamente sob a ótica da criticidade dos estudiosos artistas, não. Aqui, quero levantar um dos maiores desafios que a Arte encontrou no início do século XX, quando precisou atrelar-se a um dos elementos essenciais da vida cotidiana do homem ( e que por acaso faz parte da minha formação profissional e acadêmica), a Gestão.

Formado em gestão – de negócios, de pessoas e de projetos – há quase duas décadas, encontrei na Arte uma forma de gerenciar os elementos que precisavam ser coordenados no planejamento e na execução das tarefas e metas. Mas, com o tempo e um pouco mais de estudo e reflexão, percebi que, na verdade, foi a Arte que precisou se adaptar à gestão quando se tornou “Moderna”.

Explico: isso aconteceu especialmente com a introdução e desenvolvimento de duas tecnologias que se mostraram pulsantes com o desenvolvimento da Arte Moderna – O Cinema e a Fotografia. Gerir pessoas, projetos, técnicas, logísticas e produções em vários níveis em paralelo com o objeto da criação artística tornou-se uma ação imperativa e fundamental na Arte. A modernidade agora se rende à gestão e essa última acaba por tornar-se uma Arte em si mesma. Fusão mais do que moderna…Poderia afirmar: Contemporânea!

Gerir pessoas é uma Arte. A Arte Moderna viu-se atrelada à coletividade não somente no que tange ao alcance do público que a contempla, mas no aparato humano que a produz. Um artista da sétima arte, por essência, não produz arte sozinho. Todos são artistas no processo. Todos. E a gestão de pessoas, emoções, materiais, recursos financeiros e muito mais, torna-se algo e elemento da equação.

E como não pensar em gestão da arte e na arte da gestão?

Assim, fica a dica: não seríamos todos nós artistas? Afinal, o homem moderno precisa ser um artista para viver, digo, gerir todos os elementos que fazem dele um ser…Humano. E viva a Arte (e a gestão) Moderna!

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