Sombras de ternura
Sombras de ternura
Na melhor altura
E na meia pura
A de cima assente
Vendo a outra ente
No baixo envolvente
Surgiu ternura
Que ainda dura
E muito augura
Para época futura
No feliz que vem
Das sombras de bem
Vistas no instante
Aquele lá adiante
Se o presente hoje
Estivesse onde se foge
Ainda de campo acima
Para outro em rima
Quanto a bela estima
Do encontro inicial
No romântico local
Desde logo leal
E promissor ideal
Era um perfeito sinal.
Mas não teve fácil
Aproximação táctil
Pelas imperfeições
Do terreno em feições
Com alguma vegetação
E demasiada inclinação
Para ocorrer distância
Menor para ânsia
Também diminuição
Ter a sua extensão
Benéfica por atenção.
Ou haveria que descer
Para leira a se estender
Até ribeiro no seu correr
Ou subir ao campo norte
Em busca da sorte
Na sombra cúmplice
Que bela se visse
Mesmo lá por baixo
Com alguém cabisbaixo
Se tal não ocorresse
Na bendita prece.
Mas como já religião
Tinha dado bênção
A destinada junção
Todos aqueles olhares
Nos distintos lares
Vindos sem esgares
De quem os percebia
Não impediram dia
Em pleno com aceno
Ali mesmo no terreno
Quais sombras feitas
Nas melhores colheitas
Por entre tempo sereno
Onde se colhia o feno
E o que mais preciso
Fosse pelo destino
Um notório aviso
Quando tocava sino
Seu cantado hino.
Agora como na altura
É tempo de ternura
Com sombra pura
Que muito perdura
Até vida futura
Em nobre parceria
Que já se antevia
Quando lá atrás
O tempo era capaz
De jurar essa paz
Onde o campo alto
Ou acima no planalto
Já via sombra adiante
Abaixo por distante
Mas que bem sorria
Quando a outra retribuía
Com a ternura comum
Do par feito apenas um
De sombras no som
Pelo ambiente tom
Como que abraçando
A ternura partilhando.
Fonte da imagem: Foto do Autor