Luis Amorim

Sombras de ternura

Sombras de ternura

Na melhor altura
E na meia pura
A de cima assente
Vendo a outra ente
No baixo envolvente
Surgiu ternura
Que ainda dura
E muito augura
Para época futura
No feliz que vem
Das sombras de bem
Vistas no instante
Aquele lá adiante
Se o presente hoje
Estivesse onde se foge
Ainda de campo acima
Para outro em rima
Quanto a bela estima
Do encontro inicial
No romântico local
Desde logo leal
E promissor ideal
Era um perfeito sinal.
Mas não teve fácil
Aproximação táctil
Pelas imperfeições
Do terreno em feições
Com alguma vegetação
E demasiada inclinação
Para ocorrer distância
Menor para ânsia
Também diminuição
Ter a sua extensão
Benéfica por atenção.
Ou haveria que descer
Para leira a se estender
Até ribeiro no seu correr
Ou subir ao campo norte
Em busca da sorte
Na sombra cúmplice
Que bela se visse
Mesmo lá por baixo
Com alguém cabisbaixo
Se tal não ocorresse
Na bendita prece.
Mas como já religião
Tinha dado bênção
A destinada junção
Todos aqueles olhares
Nos distintos lares
Vindos sem esgares
De quem os percebia
Não impediram dia
Em pleno com aceno
Ali mesmo no terreno
Quais sombras feitas
Nas melhores colheitas
Por entre tempo sereno
Onde se colhia o feno
E o que mais preciso
Fosse pelo destino
Um notório aviso
Quando tocava sino
Seu cantado hino.
Agora como na altura
É tempo de ternura
Com sombra pura
Que muito perdura
Até vida futura
Em nobre parceria
Que já se antevia
Quando lá atrás
O tempo era capaz
De jurar essa paz
Onde o campo alto
Ou acima no planalto
Já via sombra adiante
Abaixo por distante
Mas que bem sorria
Quando a outra retribuía
Com a ternura comum
Do par feito apenas um
De sombras no som
Pelo ambiente tom
Como que abraçando
A ternura partilhando.

Fonte da imagem: Foto do Autor

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Luís Amorim

Luís Amorim, natural de Oeiras, Portugal, escreve poesia e prosa desde 2005. Tem já escritas cerca de 2800 histórias com 106 livros de ficção publicados, entre os quais, um primeiro em inglês, "Cinema I", onde responde por 28 heterónimos (em prosa e poesia). Dos livros em prosa, tem vinte e oito da série “Contos”, “Terra Ausente”, “A Chegada do Papa” e dois livros de “Pensamentos”. Na poesia, igualmente diversas séries de livros têm alguns volumes, como “Mulheres”, “Tele-visões”, “Almas”, “Sombras”, “Sonhos”, “Fantasias”, “Senhoras” e o herói juvenil “Esquilo-branco”. Todos estas obras de poesia citadas, integram os designados contos poéticos, assim identificados pelo autor, aos quais se acrescentam “Lendas”, “Campeões”, “Músicas”, “Turismo”, “Palavras”, "Flores", “27 Flores”, “Todas as Flores” e mais outros sete do universo “Flores”, onde este elemento surge em todos os enredos, como por exemplo “A ceia do bispo e outros contos poéticos”. A escrita também foi posta em narrativas poéticas, “Beatriz” (inspirada na personagem de "A Divina Comédia" de Dante Alighieri), “Paz”, “O Viajante”, “O Sino”, “A Sereia” e “O Mapa”, este com 3016 versos. Ainda a registar em poesia, “Refrões”, “Sonetos”, “Trovas” e quatro volumes de “Canções”. Dois livros foram publicados segunda vez, então com ilustrações de Paulo Pinto (“Almas”) e Liliana Maia (“Fantasias”). Luís Amorim foi seleccionado por 312 vezes com contos e poemas seus em concursos literários para antologias em livros, revistas e jornais em Portugal, Brasil, Suíça, Colômbia, EUA, Inglaterra e Bangladesh. É colunista da revista “Entre Poetas & Poesias” a partir de 2022 e integrante desde 2021 do Coletivo “Maldohorror”, onde histórias suas são publicadas em ambos os sítios, com regularidade. Tem igualmente publicados 32 livros de Desporto (Automobilismo, Hipismo, Futebol, Vela, Motociclismo) e 4 de Fotografia, o que somando aos 106 de ficção, perfaz um total de 142 livros publicados.

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