João Rodrigues

Até quando, meu Deus?

Por mais que eu queira
Fechar os meus olhos
Fingir-me de cego
Pra não enxergar
O preto do luto
Que assola o país
A Morte vibrando
De tanto matar
Milhares de túmulos com corpos descendo…
Não dá! Não consigo isto ignorar.

Me finjo de surdo
Pra não escutar
As tristes notícias
Na televisão
O choro profundo
Da gente enlutada
Ferindo os ouvidos
De nossa nação
Por mais que eu tente fingir que não ouço
Ouço com os ouvidos do meu coração.

Tantos filhos órfãos
Ficando sozinhos
Com toda esta perda
Terão que crescer
Sem ter o carinho
Tão doce dos pais
E sem seus conselhos
Terão que aprender
Os duros caprichos que a vida nos traz
Que a gente nem sempre consegue entender.

Quantos lares choram
O triste silêncio
Das vozes alegres
Que a Morte as baniu
A foto na estante
Resgata a saudade
Do ente querido
Que ontem partiu
Esposos, esposas, em sua cama à noite
Preenchem com lágrimas o espaço vazio.

E assim gira a vida
Vestida de luto
Sempre ameaçada
Com o mundo doente
Tantos lares tristes
Chorando suas dores
Num berço, sozinho,
Chora um inocente
O peito dispara morrendo de medo
E as lágrimas banhando o rosto da gente.

Até quando, ó Deus,
Me diga até quando
Vagaremos tristes
No vale de dor?
Me diga até quando
Sofreremos pranto
A perda, o luto
O medo, o terror?
Me responda logo, Meu Deus, até quando?
Dê-me uma resposta! Me faça o favor.

João Rodrigues

Mostrar mais

João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo