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Você, Escritor! – Crônica: “Com que roupa?” – Claudia Rato

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Com que roupa?
Claudia Rato

Já parou para pensar nas inúmeras roupas que estão abarrotando seu armário, principalmente as que deixa de usar à espera de um momento especial?

Mas que momento especial é esse? A hora é agora, porque não sabemos que dia a “nossa hora” vai chegar. Pode ser amanhã, e aí, como fica aquele vestidinho lindo que você comprou, pagou à vista com desconto, e nunca tirou do cabide?

Também pensando nesse momento em que poucos pensam, já parou para pensar que look vai usar? Será que quem vai te arrumar vai saber das suas preferências ou acabar colocando qualquer coisa, já que você vivia largada de qualquer jeito mesmo?

Calma, espero que esse dia demore muito a chegar, foi só uma forma de lembrar aqui como a comunicação é fundamental em tudo na vida, e após ela também.

Sim, é doido isso, mas é algo que se deva debater, pois é capaz do tal “estilista” da despedida não te agradar muito e te vestir justamente com aquela blusinha batida e aquele shortinho jeans que você só tira pra lavar achando serem os seus modelitos preferidos pro resto do fim do mundo.

E se isso acontecer vai fazer o quê? Puxar a perna dele de noite? Até pode fazer isso, mas não vai resolver muita coisa.

Mas você deve estar pensando: menina, porque esse papo tão fúnebre nesse dia tão solorento e lindo?

Pois bem, te respondo. Ao visitar uma pessoa que se foi, vi em sua lápide uma foto pálida, sem graça, sem vida, sem cor, sem nada. Não me pareceu algo digno de quem lá se hospedava para o resto do infinito.

Cadê o sorriso visto em outras tantas fotografias? Cadê aquele olhar cheio de brilho naquela póstuma homenagem? Cadê o cabelo sempre arrumadinho? Nem um filtrozinho pra disfarçar. Logo ela, que amava um recurso pra ficar mais bela! Olha, a defunta deve ter levado uns dias pra aceitar essa fotinho feia e cinza.

Não, não era essa a imagem que deveria estar lá, com certeza não. Como diz o ditado popular, a dita cuja deve ter se revirado no caixote ao saber dessa fotografia lá decorando aquele funesto lugar.

Não cheguei a ver sua vestimenta em sua despedida, mas imagino ter sido uma qualquer, talvez escolhida pelo mesmo selecionador nonsense da fotografia.

Diante dos fatos, uma dúvida pairou e não para de remoer meu pensamento: devo deixar minha roupa preferida e que mais amo para usar quando não mais preciso for porque quero eternizar lindona esse momento e garantir assim que nenhuma bola fora será dada ou aproveito qualquer ocasião da vida para fazer dessa peça algo realmente especial?

No calor da emoção, a segunda opção me faz mais sentido, mas sair de cena de qualquer jeito também me frustraria. Ó, céus!

Junto a essa indagação, uma constatação: passar pra frente tudo o que não uso e não gosto, sem correr o risco de ir pro além mulambenta.

Mas não vou pensar nisso agora, até porque espero que esse seja um futuro bem distante, num dia que demore muito a chegar.  

Uma coisa eu aprendi nessa história, meu presente vai mudar, vou viver mais, curtir mais e usar tudo o que tenho e gosto hoje, nada de roupinha nova à espera do novo. O novo é a vida. O resto a gente descreve depois.

Claudia Rato é jornalista, escritora e autora do livro de contos “Pra mim você morreu – histórias inusitadas de amor com humor”

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Redação

A Revista "Entre Poetas & Poesias" surgiu para divulgar a arte e a cultura em São Gonçalo e Região. Um projeto criado e coordenado pelo professor Renato Cardoso, que junto a 26 colunistas, irá proporcionar um espaço agradável de pura arte. Contatos WhatsApp: (21) 994736353 Facebook: facebook.com/revistaentrepoetasepoesias Email: revistaentrepoetasepoesias@gmail.com.br

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