Valdeci Santana
O bêbado e os versos
O bêbado e os versos.
A cidade dormia
Quando o bêbado descia
Pela alameda alagada.
Escorregando na calçada.
Se estatelando na enxurrada.
Cai a chuva torrencial
De um céu temperamental
E enegrecido
De quando em quando ele se encolhia
Quando bramia
O estridente rangido
O bêbado alegre a contemplar cada gota que caia
Acreditando que lavaria
Sua alma embriagada
Quando percebeu que molhou
Os versos que rabiscou
Em guardanapo
Sorriu glorioso
O riso majestoso
De quem antevê uma catástrofe e se resguarda
E pela rua enlameada
Pôs-se a recitar os versos sóbrios guardados
Nos confins da mente alcoolizada.
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-de-camisa-branca-de-mangas-compridas-na-janela-vermelha-1362908/