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8ª edição – Conto: “A Casa da Pedreira” – Angela Moreira

A Casa da Pedreira

Angela Moreira

Na casa da Pedreira Santa Cecília morava o encarregado e responsável por ela. Lá aconteciam coisas estranhas, talvez não tivessem explicações pelos fatos ocorridos. Eu e meus irmãos às vezes dormíamos lá, eu mais do que eles. O encarregado era nosso avô paterno.
Um dia lá estávamos já preparados para dormir, quando percebemos que algo escorria do telhado e minha tia foi lá fora perto das bananeiras pegar um pano para limpar o chão.
Quando ela abaixou para pegar o pano apareceu um vulto branco, o que nos assustou muito. Eu queria gritar para alertá-la, mas a voz não saía. Por fim quando ela se levantou o vulto desapareceu. Ela entrou, limpou o chão e fomos dormir. Ao acordarmos durante à noite outro susto. A casa era de telhas e o que as sustentavam eram os caibros onde foram colocadas, só a madeira e as telhas. E ao abrirmos os olhos uma mão marcada de vermelho na telha, ao que tudo indicava parecia sangue. E quando amanheceu logo depois do café, meu avô subiu e verificou que realmente era sangue, mas parecia ser sangue de animal. Como não tinha como tirar aquele sangue, apenas trocou a telha e a guardou dentro de um saco plástico para depois tentar descobrir como isso aconteceu. Vovô saiu para fazer sua inspeção e dar ordem aos trabalhadores. ÀS vezes era necessário colocar as vacas e os bois em lugar seguro, porque eles costumavam pastar por lá. E assim o fez.
Na hora do almoço, vovô almoçou conosco, mas o ocorrido tinha deixado ele muito preocupado. À noitinha, depois da janta ficamos conversando nos fundos da casa onde tinha uma mesa de madeira e um banco grande, escutamos um barulho e vovô saiu apressado , corremos par a frente da casa quando escutamos um tiro, vovô estava de espingarda em punho, mas havia atirado para o alto e longe vimos um vulto correndo vestido de branco. Entramos e fomos dormir, mas preocupados com o ocorrido.
Dormimos á noite toda tranquilos e no dia seguinte tudo correu perfeitamente bem, mas ao entardecer deu uma chuva muito forte e o vento parecia que ia derrubar as portas e janelas da casa que eram todas de madeira apenas fechada com um pedaço de madeira.
Finalmente o vento parou e ficamos bem quietinhos embaixo das cobertas, mas parecia que tinha alguém andando sobre o telhado. Meu avô disse que se alguém andasse sobre o telhado cairia sobre nós, pois não aguentaria o peso de ninguém sobre ele, independente de ser um animal ou uma pessoa.
O barulho parou e estávamos tentando dormir quando um pedaço de telha passou raspando por nossas cabeças. Vovô disse que não dava para ir lá fora. Então, tirou o colchão da cama e o colocou no chão da sala. Dormimos o resto da noite tranquilos, mas pela manhã vovô foi providenciar outra telha para colocar no lugar daquela que tinha caído. Qual não foi sua surpresa quando viu que a telha já estava lá. Não entendeu nada, ninguém entendeu, pois vimos a telha cair e pelo buraco víamos o céu.
Na noite seguinte, outra vez a telha com a mão marcada de sangue. Meu avô perdeu a paciência e foi lá fora buscar a telha que tinha guardado no saco e ela não estava lá, no lugar tinha a cabeça de um frango que ainda corria sangue dela.
Foi até o galinheiro com seu lampião a querosene e encontrou duas de suas galinhas com as cabeças decepadas. Uma delas parecia que já tinha acontecido há dias e a outra naquele exato momento. Ficou revoltado e correu para fora do galinheiro e gritou bem alto: Aparece aqui se for homem, mulher, sei lá o que, pois eu vou acabar com você. Escutamos um barulho de um riso assustador. E vovô ainda disse que não tinha medo de alma penada. E aí da porta da casa vimos o vulto branco desaparecer no horizonte.

 

Deixo essa incógnita para vocês colocarem a imaginação no ar,  para pensarem quem será que fez aquilo? Por que fez? Será que terminou ou continuou a acontecer? Só posso dizer uma coisa, foi verdade. Eu estava lá.

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Renato Cardoso

Renato Cardoso é casado com Daniele Dantas Cardoso. Pai de duas lindas meninas, Helena Dantas Cardoso e Ana Dantas Cardoso. Começou a escrever em 2004, quando mostrou seus textos no antigo Orkut. Em 2008, lançou o primeiro volume de “Devaneios d’um Poeta” e em 2022, o volume II com o subtítulo "O Rosto do Poeta". Graduado em Letras pela UERJ FFP e graduando em História pela Uninter. Atua como professor desde 2006 na rede privada. Leciona Língua Inglesa, Literatura, Produção Textual e História em diversas escolas particulares e em diversos segmentos no município de São Gonçalo. Coordenou, de 2009 a 2019, o projeto cultural Diário da Poesia, no qual também foi idealizador. Editorou o Jornal Diário da Poesia de 2015 a 2019 e o Portal Diário da Poesia em 2019. É autor e editor de diversos livros de poesias e crônicas, tendo participado de diversas antologias. Apresenta saraus itinerantes em escolas das redes pública e privada, assim como em universidades e centros culturais. Produziu e apresentou o programa “Arte, Cultura & Outras Coisas” na Rádio Aliança 98,7FM entre 2018 e 2020. Hoje editora a Revista Entre Poetas & Poesias e o Suplemento Araçá.

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