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Sobre famílias no caminho

Sobre famílias no caminho

 

Acordei cedo e dormi de novo. Tenho esse hábito! É a tentativa de voltar a sonhar! Sonhar acordado dá mais trabalho. Na cama, é mais confortável. Não lembro qual foi meu sonho. Tenho muitos guardados em inúmeras caixas nos meus arquivos. Esses da noite (ou da manhã) são mais enigmáticos, menos controláveis, porém muito interessantes. Pena nem sempre lembrarmos deles. Minha avó dizia que esquecíamos dos sonhos quando passávamos a mão sobre o cabelo da testa para trás. “É tiro e queda! Não lembramos mais de nada!” – dizia Dona Laurita, a vovó Laura. Essa avó era muito peculiar. Baixinha com cabelos curtos e grisalhos, porém era uma pessoa intensa, de personalidade forte, teimosa, ciumenta, mas carinhosa com seus netos.

Diferente da minha avó paterna era a mãe da minha mãe. Vovó Geralda, também conhecida como Dona Nieta, era uma senhora de cabelos brancos compridos e crespos sempre presos em tranças convertidas em coque. Tinha um temperamento mais suave, era mais tranquila e amistosa com todos. Morava no Carmo, município fluminense na divisa com Minas Gerais. Na realidade, a cidade parece mais mineira do que fluminense. Lugar pacato e calmo, com boa parte da população descendente de africanos escravizados, outros tantos oriundos de Portugal e da Suíça.

Aqui não vou falar da origem dos meus antepassados. Vou falar sobre um membro de uma família bastante conhecida da Região Serrana. O motorista do aplicativo que me levou para São José era da família Wermelinger. Eu já conhecia alguns desses descendentes de suíços de língua alemã. Fui professor de dois deles em Niterói: a Cynthia e o Renan. Eles me contavam da sua família que vivia entre Carmo e Duas Barras. Esse senhor conversou bastante comigo sobre sua parentela e sobre a região que abrange também Cantagalo, Cordeiro e Bom Jardim.

 

Interessante pensar como as histórias de pessoas improváveis podem se cruzar e gerar outras tantas histórias. A Geografia e a Literatura se entrelaçam e se transformam num caleidoscópio de possibilidades. Espelho refletindo em espelho gerando imagens sem fim. Os livros não dão conta, nem o cinema. Restam as conversas entre desconhecidos a criarem intimidade de 30 anos em algumas dezenas de minutos. Quanta riqueza narrativa! Falamos sobre outras famílias famosas: a Erthal e a Monerat eram as principais. Não sou descendente de nenhum desses clãs. Sou membro, por parte de mãe, da família Rodrigues, uma família imensa espalhada pelo Brasil inteiro, e, por parte de pai, sou Silva, um grupo ainda maior do que o dos Rodrigues. Península Ibérica e África Subsaariana se misturaram com mais alguns pontos do mundo e surgiram meus pais. Minhas avós deixaram algumas informações interessantes guardadas nas regiões remotas dos nossos subconscientes. Isso será conversa para uma outra crônica.

 

 

 

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2 Comentários

  1. Como é bom viajar nas suas histórias e com as suas palavras! Um prazer ler seus textos e comprovar que aqui na internet existe sim textos e espaços inteligentes!

    1. Seus comentários são valiosos para mim, Cabral! Foi por seu intermédio que comecei a publicar na internet.
      Grande abraço, amigo e obrigado por tudo.

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