Luis Amorim

Nobre mesa

Nobre mesa

Mesa realmente indisposta
Pelo que se encosta
Quando louça é posta
Para o cerimonial
Evento quiçá principal
De tão nobre local
Porque foi não dito
Como acto esquisito
Na consideração por mesa
Que assim fica presa
Ao próprio amuo
Pronto para eventual recuo
Caso venha atenção
À sua nobre condição
De secular índole
Servindo tanta prole
Até aos dias actuais
Com sorrisos ideais.
Mas tal simpatia
Na forma de cortesia
Apenas como esquecimento chega
À mesa que se pega
Em si própria
E rapidamente se avia
Com o destino que sabe
Só ela que se gabe
De não precisar mais
Das atitudes superficiais
Falhadas na consideração
Que não foi individualização
Antes uma colectiva junção
Até com louça incluída
Que fica nada divertida
Ao ser levantada
Na repentina levada
Que tudo varreu
Ao retorno senhorial
Do salão que se perdeu
Na estupefacção surreal
Ao ver nobre mesa
Na sua acção de defesa
«Revoltante, com certeza
Sem justificação concedida
Nem acto de despedida»
Perante amuo súbito
Novo no púlpito
Pela louça em especial
Pois como acto religioso
Esta não o concebeu
Na evasão do inicial
Nobre banquete, rigoroso
À reverência de quem deu
Seu tempo pelas orações
Previstas nas concessões
De honra pelos religiosos
Que ficam silenciosos
E até bastante nervosos
Pois chegada de tanta importância
Tem cada vez distância
Menor ao ponto de cerimónia
Que agora tem estória
Difícil de ser resolvida
Porque nobre vestida
Saiu como mesa sentida
Por desfaçatez acontecida
E nunca antes recebida.

Fonte da imagem: Foto do Autor

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Luís Amorim

Luís Amorim, natural de Oeiras, Portugal, escreve poesia e prosa desde 2005. Tem já escritas cerca de 2800 histórias com 106 livros de ficção publicados, entre os quais, um primeiro em inglês, "Cinema I", onde responde por 28 heterónimos (em prosa e poesia). Dos livros em prosa, tem vinte e oito da série “Contos”, “Terra Ausente”, “A Chegada do Papa” e dois livros de “Pensamentos”. Na poesia, igualmente diversas séries de livros têm alguns volumes, como “Mulheres”, “Tele-visões”, “Almas”, “Sombras”, “Sonhos”, “Fantasias”, “Senhoras” e o herói juvenil “Esquilo-branco”. Todos estas obras de poesia citadas, integram os designados contos poéticos, assim identificados pelo autor, aos quais se acrescentam “Lendas”, “Campeões”, “Músicas”, “Turismo”, “Palavras”, "Flores", “27 Flores”, “Todas as Flores” e mais outros sete do universo “Flores”, onde este elemento surge em todos os enredos, como por exemplo “A ceia do bispo e outros contos poéticos”. A escrita também foi posta em narrativas poéticas, “Beatriz” (inspirada na personagem de "A Divina Comédia" de Dante Alighieri), “Paz”, “O Viajante”, “O Sino”, “A Sereia” e “O Mapa”, este com 3016 versos. Ainda a registar em poesia, “Refrões”, “Sonetos”, “Trovas” e quatro volumes de “Canções”. Dois livros foram publicados segunda vez, então com ilustrações de Paulo Pinto (“Almas”) e Liliana Maia (“Fantasias”). Luís Amorim foi seleccionado por 313 vezes com contos e poemas seus em concursos literários para antologias em livros, revistas e jornais em Portugal, Brasil, Suíça, Colômbia, EUA, Inglaterra e Bangladesh. É colunista da revista “Entre Poetas & Poesias” a partir de 2022 e integrante desde 2021 do Coletivo “Maldohorror”, onde histórias suas são publicadas em ambos os sítios, com regularidade. Tem igualmente publicados 32 livros de Desporto (Automobilismo, Hipismo, Futebol, Vela, Motociclismo) e 4 de Fotografia, o que somando aos 106 de ficção, perfaz um total de 142 livros publicados.

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