Marcos Pereira

A MISÉRIA

Rio de Janeiro, centro financeiro da cidade. Para ser mais exato, rua sete de Setembro.

Era início da tarde, mais ou menos às 15h30min.

Como costumo fazer, subo esta rua que detém várias lojas comerciais e muitos restaurantes.  

Neste horário, a maioria dos restaurantes estão encerrando seu expediente.
Os funcionários, começam a lavar os estabelecimento que tiveram um vai e vem imenso durante o horário do almoço.

Após todo o furdunço, é natural que todas as sobras da cozinha sejam jogadas fora para que haja espaço e esterilização do ambiente. Assim, imensos galões são postos pelos funcionários do lado de fora do estabelecimento para serem levados pelos lixeiros.
Nestes recipientes, contém todo tipo de resíduo ou porque não falar restos dos pratos servidos no horário do almoço e que não serão mais utilizados.
Do outro lado da calçada, percebo que ao lado da porta principal do
restaurante, forma-se uma fila imensa organizada pelos próprios indivíduos que ali estão. Xingamentos, empurrões e até tapas eles se dão. Isso tudo porque na fila, existe uma ética. A vez é de quem chega primeiro e não existe o fato de guardar lugar para o outro.
De repente, ouço um grito: “O galão está vindo”.
O balburdio que isso ocasionou atraiu minha atenção e fez-me observar o que estava acontecendo.
Eis que constato a pior cena que jamais havia presenciado em minha vida: homens, mulheres e até crianças se agredindo por um pouco dos restos deixados pelos clientes que frequentaram o restaurante durante o expediente normal.

Fiquei tão chocado, que pensei:
“Falar sobre a fome é uma coisa, mas poder constatar esse tipo de cena, é outra completamente diferente”.  Naquele momento, me veio lágrimas aos olhos.

É deprimente e inadmissível ver seres humanos agindo como animais irracionais, disputando sua sobrevivência como uma matilha de lobos famintos.
Esta cena me fez questionar e refletir sobre uma série de coisas: Quem somos nós? Podemos dizer que somos seres humanos? Como não reconhecemos no outro, que é idêntico a nós, as mesmas necessidades vitais que temos? Como podemos não perceber que tudo isso acontece bem aqui todos os dias? Somos diferentes? Em que?

Talvez, a nossa diferença esteja em sentarmos a mesa e comermos como pessoas civilizadas, de termos uma casa, de termos uma cama ou de termos um trabalho.

Todavia, a grande diferença existente entre nós e aqueles seres humanos, chama-se oportunidade, e qual será a solução deste grande problema social?

Posso estar errado, mas a verdade, e que precisamos perceber o próximo e entender que formamos um elo, apesar de vivermos em uma sociedade altamente competitiva e classista, mas para falarmos de moral e ética, é fundamental que reconheçamos que todos somos um e juntos, podemos criar mais oportunidades para aliviar a nossa passagem neste mundo chamado terra.

Marcos Pereira

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