Marcos Pereira

LA DIFÍCIL PÉRDIDA DE NOSOTROS MISMOS

Ao abrimos os olhos e com um choro compulsivo, anunciamos a nossa chegada ao mais novo no mundo. Assim, adentramos na nossa nova vida com uma grande expectativa de esperança. Esperança essa que vem cercada de grandes feitos.
Iniciamos nossa jornada desprovidos de total conhecimento do que nos espera. No início, somos um aprendiz que no decorrer dos dias, absorvemos todos ensinamento que nos é fornecido.
Passam-se os dias, os meses, os anos, as décadas e continuamos a caminhar. O que antes era um aprendizado, já não nos basta, pois almejamos coisas maiores.
Após uma pequena bagagem, achamos que somos donos do mundo e por termos pressa de absorvermos mais e mais conhecimento, esquecemos de alguns sentimentos que vão ficando para trás.
Quando pensamos que já sabemos tudo, nos deparamos com tudo que não queríamos. A maior perda de nós mesmos.
Nunca imaginaríamos que no decorrer desta evolução seria necessário perdermos fragmentos que nos fizeram chegar até onde chegamos.
Quanto perdemos? Quantos eu’s se foram? Quantas vestimentas descartamos?
Como diz na canção “Nesse palco iluminado” que chamamos de vida, aprendemos a viver/sobreviver interpretando vários personagens, os quais passam a nos moldar, e sem que percebamos, eles nos roubam a essência que levamos tanto tempo para construir. Viramos múltiplos.
Na realidade, não sabemos quantos de nós morrem nesta evolução. Passam-se dias e anos, para darmos conta das cicatrizes deixadas por estas perdas.
A maior delas é a nossa inocência. Sem ela, deixamos de acreditar em florescer, em sentir, e em ver as instituições dos nossos pilares. É muito difícil quantificar quantos de nossos valores se vão até o dia da nossa partida definitiva. Às vezes, sentimos que o nosso desprender nos deixa como a lua, cheios de crateras e com um imenso abismo dentro de nós. E ao olharmos para trás, nos vemos saudosistas de tudo que éramos ou que um dia idealizamos ser. Ficamos a procurar no nosso coração e na nossa mente, tudo que nos proporcionou uma convivência de acesso a sentimentos contidos em nuvens, que se transformam conforme o nosso olhar. Tudo isso, chama-se tempo, um vilão indestrutível, que vive do furto dos pequenos ou grandes prazeres que um dia tentamos construir.
Crescer, quanto vale?
Marcos Pereira

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