Marcos Pereira

O REFLEXO DE UMA SOCIEDADE DOENTE.

Num primeiro olhar, acreditamos que todos os espaços comunitários deveriam ser um espaço de interação e de igualdade. Porém, quando observamos esses mesmos espaços com olhar mais criterioso, percebemos o quanto estamos enganados. A sociedade que vivemos é uma sociedade altamente segmentada, ainda mais quando falamos de questões como: aparência, intelecto e situação financeira, que obstruem toda e qualquer chance de igualdade.

Foi através desta observância que pude constatar no saguão da empresa Barcas S/A uma característica diferente. Porém, não tão diferente assim.

Na sala de embarque, temos um panorama unificado. Todos usufruindo do mesmo espaço democraticamente, como acontecem em qualquer estação reservada para receber um grande número de pessoas comuns no mundo todo.
Já nas embarcações, percebemos o retorno dos cidadãos ao seu campo social, ou melhor, as suas características classificatórias.

Não precisamos ir muito longe para percebermos que o individualismo se faz presente no nosso dia a dia, levando-nos acreditar que a impunidade é a forma de ascender no status social, concretizando a ideia de que para sanarmos nossas necessidades não importa a necessidade alheia.

Falamos tanto de ética, mas pratica-la no mais simples ato, tornar-se um grande desafio e isso fica destacado nas redes sociais, onde é comum curtirmos ações que chamamos de heroicas. Porém, esquecemos que as ações ali compartilhadas, podem ser praticadas no nosso dia a dia com um simples gesto.

O exemplo disso é o que encontramos nas Barcas S/A, onde por diversas vezes o comandante responsável avisa que os assentos amarelos são destinados às pessoas idosas, deficientes físicos, mulheres grávidas ou pessoas com criança no colo, mas mesmo assim, as pessoas que não estão incluídas nestas condições usufruem desses assentos, fazendo-se de desentendidas quando veem alguém que se enquadre na situação anunciada.

Infelizmente, as pessoas não conhecem a diferença entre educação e instrução, deixando clara a inexistência da coletividade, independente do intelecto de cada indivíduo.  

O que chama a atenção, é o fato de que essas mesmas pessoas que praticam essas infrações, reclamam quando tem seus direitos infligidos por atos idênticos aos praticados por elas.

Como podemos constatar, estamos falando de um meio de transporte de massa que é utilizado por diversas classes sociais, e mesmo assim, a ética fica na maioria das vezes ausente.

Assim, é simples concluirmos que a sociedade está doente e que precisamos reconhecer que este mal está inserido em nós mesmos, fazendo-nos paciente da nossa própria conduta, pois o mal que nos afligi, não está no grau de instrução e sim na educação e no respeito pelo próximo.

Marcos Pereira

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